Pular para o conteúdo principal

A Parashat Vayechi - COMPLETA


A Parashat Vayechi Resumida

A Parashat Vayechi, a Porção final do primeiro livro da Torá, descreve as últimas ações de Yaacov antes de sua morte no Egito. Ele faz Yossef jurar que o enterrará na Terra de Israel. Yaacov então dá aos dois filhos de Yossef, Menashe e Efráyim, uma bênção especial que lhes confere o elevado status de serem duas tribos separadas dentre os filhos de Israel.
Apesar do protesto de Yossef, Yaacov insiste em conceder a Efráyim, o mais jovem, o direito de primazia de ficar à direita durante a bênção, declarando que Efráyim seria mais notável.

Yaacov então dá a cada um de seus outros filhos uma bênção individual, apropriada a seus particulares traços de caráter e missões.

Yaacov morre aos 147 anos, e é levado pelos filhos, acompanhado por um grande séquito da realeza egípcia, à Terra de Israel, onde é enterrado em Maarat HaMachpelá, onde já se encontram sua esposa Lea, seus pais Yitschac e Rivca, e os avós Avraham e Sara.
Ao retornarem ao Egito, os irmãos de Yossef temem que ele finalmente buscará vingança, agora que o pai está morto. Yossef lhes assegura que não nutre sentimentos de vingança, declarando que o fato de ter sido vendido como escravo foi parte do plano Divino.
A porção conclui com a morte de Yossef, e o povo judeu promete carregar seus ossos com eles para Israel, quando serão finalmente redimidos.

Mensagem da Parashá
Lições da Parashat Vayechi

Mau Hábito
Por Benyamin Cohen

O ser humano muitas vezes enxerga a vida através dos olhos do hábito. Muitas de nossas transgressões não brotam de um desejo consciente de errar, mas sim de uma falta de apreciação interna por uma ação em particular.

Rabi Chaim Shmulevitz descreve esta monotonia espiritual como "tardeimat hahergel". Esta inabilidade no homem de mudar sua perspectiva pode ter trágicas conseqüências, como fica evidente no Midrash da porção desta semana da Torá, que descreve com detalhes a história do funeral de Yaacov.

Chegando ao M'arat Hamachpelah, Essav abordou os filhos de Yaacov e reivindicou o direito ao túmulo que estava sendo usado para Yaacov. Seguiu-se uma discussão e os irmãos enviaram Naftali, que era famoso por sua fala, correr ao Egito para conseguir os documentos apropriados. Durante a confusão, Chushim, o filho surdo de Dan, exclamou: "Ficaremos aqui esperando até Naftali voltar, enquanto meu avô jaz num estado de desgraça?" Imediatamente, Chushim tomou da espada e cortou fora a cabeça de Essav.

Rabi Shmulewitz considera por que os outros descendentes de Yaacov, seus próprios filhos, não se sentiram tão incomodados pelos acontecimentos como Chushim. Ele explica que os filhos de Yaacov ficaram tão hipnotizados pela discussão com Essav que no ínterim acabaram se esquecendo da desgraça que eram os restos mortais insepultos de Yaacov. Os filhos de Yaacov foram importunados com tédio espiritual, "tardeimat hahergel", que os deixou insensíveis aos assuntos mais urgentes que estavam bem à vista – o funeral do pai. Apenas Chushim, cuja incapacidade de ouvir o impedia de participar ativamente na discussão, pôde conservar a clareza de mente e uma renovada perspectiva que precipitou sua reação.

A habilidade de mudar nossa perspectiva pode remediar muito de nossa indisposição. O jugo das mitsvot pode ser visto como um fardo, uma carga de pedras a ser arrastada durante a vida, ou uma bolsa de diamantes, que quando carregada até seu destino trará enorme recompensa. Um bem conhecido motivacionista contemporâneo comenta que um despertador é, na verdade, um relógio de oportunidades, alertando-nos a respeito das muitas horas potencialmente construtivas do dia. Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária, mas uma chance de comunicação com o Divino.

Mau Hábito
Por Benyamin Cohen
O ser humano muitas vezes enxerga a vida através dos olhos do hábito. Muitas de nossas transgressões não brotam de um desejo consciente de errar, mas sim de uma falta de apreciação interna por uma ação em particular.

Rabi Chaim Shmulevitz descreve esta monotonia espiritual como "tardeimat hahergel". Esta inabilidade no homem de mudar sua perspectiva pode ter trágicas conseqüências, como fica evidente no Midrash da porção desta semana da Torá, que descreve com detalhes a história do funeral de Yaacov.

Chegando ao M'arat Hamachpelah, Essav abordou os filhos de Yaacov e reivindicou o direito ao túmulo que estava sendo usado para Yaacov. Seguiu-se uma discussão e os irmãos enviaram Naftali, que era famoso por sua fala, correr ao Egito para conseguir os documentos apropriados. Durante a confusão, Chushim, o filho surdo de Dan, exclamou: "Ficaremos aqui esperando até Naftali voltar, enquanto meu avô jaz num estado de desgraça?" Imediatamente, Chushim tomou da espada e cortou fora a cabeça de Essav.

Rabi Shmulewitz considera por que os outros descendentes de Yaacov, seus próprios filhos, não se sentiram tão incomodados pelos acontecimentos como Chushim. Ele explica que os filhos de Yaacov ficaram tão hipnotizados pela discussão com Essav que no ínterim acabaram se esquecendo da desgraça que eram os restos mortais insepultos de Yaacov. Os filhos de Yaacov foram importunados com tédio espiritual, "tardeimat hahergel", que os deixou insensíveis aos assuntos mais urgentes que estavam bem à vista – o funeral do pai. Apenas Chushim, cuja incapacidade de ouvir o impedia de participar ativamente na discussão, pôde conservar a clareza de mente e uma renovada perspectiva que precipitou sua reação.

A habilidade de mudar nossa perspectiva pode remediar muito de nossa indisposição. O jugo das mitsvot pode ser visto como um fardo, uma carga de pedras a ser arrastada durante a vida, ou uma bolsa de diamantes, que quando carregada até seu destino trará enorme recompensa. Um bem conhecido motivacionista contemporâneo comenta que um despertador é, na verdade, um relógio de oportunidades, alertando-nos a respeito das muitas horas potencialmente construtivas do dia. Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária, mas uma chance de comunicação com o Divino.

Bênçãos disfarçadas

Esta Porção refere-se às bênçãos de Yaacov, apesar dele ter admoestado severamente vários de seus filhos.
Como podem palavras de repreensão ser consideradas bênçãos?
Crítica construtiva - de fonte amiga - é uma bênção se quem a recebe a considera bem intencionada, visando seu aperfeiçoamento. Em contraposição, referir-se às falhas com palavras vexatórias é sinal de pouca consideração e amizade.
Abençoado é o filho cujo pai sabe como puni-lo, e que reage positivamente à repreensão do pai. Abençoado é o marido que ouve com atenção os conselhos da esposa e aprecia sua crítica construtiva.
Feliz a comunidade que é abençoada com líderes que criticam, repreendem e estimulam seus seguidores a alcançar maiores realizações, quando a boa intenção e motivação idealista são devidamente apreciadas.
Yaacov criticou seus filhos, sim, mas com espírito de alta consideração e propósito construtivo. Suas palavras eram bênçãos - porque assim ele as queria, e porque seus filhos assim as consideravam.

Completamente fechado
por Michael Alterman

Além de ser a porção final no livro de Bereshit, a Parashat Vayechi é única pela maneira peculiar como aparece no rolo da Torá.
Ao contrário de qualquer outra porção da Torá, claramente separada de sua vizinha, ou por começar numa nova linha no rolo da Torá ou por pular um número significativo de espaços, a Parashat Vayechii é stumá ou selada, continuando diretamente nos calcanhares da porção prévia sem a divisão normal. Rashi declara que "fechando" a separação normal, a Torá quer dizer que, com a morte de Yaacov, os olhos e corações do povo judeu foram fechados e anuviados pela amarga servidão deles aos egípcios, que começou na época de sua morte.
Há apenas um problema com a explicação de Rashi: a escravidão física não começaria realmente por pelo menos mais cinqüenta anos, após as mortes de Yossef e o restante de seus irmãos. A que poderia o Rashi estar se referindo?
O Sfat Emet responde que Rashi de maneira alguma se refere à escravidão física que o povo judeu suportaria mais tarde; ao contrário, está se referindo ao mal-estar espiritual que dominou os Filhos de Israel quando Yaacov morreu. Enquanto o grande Patriarca estava vivo, seus filhos e netos puderam afastar as terríveis influências que permeavam a imoral sociedade egípcia, permanecendo separados na província de Goshen. Entretanto, quando Yaacov se foi, era natural que o povo judeu começasse a se sentir mais confortável residindo no estrangeiro, baixando a guarda e permitindo que aspectos da desprezível atmosfera egípcia penetrasse aos poucos em seu espírito nacional.
Já na época da morte de Yaacov, seus olhos e corações começaram a se tornar nublados pela impureza do ambiente em que viviam.
Referindo-se à servidão espiritual com o mesmo termo geralmente aplicado a uma escravidão física, Rashi está nos enviando uma poderosa mensagem sobre a gravidade de tornarmo-nos presas das influências de uma nação estrangeira: só porque não estamos fisicamente escravizados, isso não significa que estamos a salvo de sermos subjugados pela sociedade que nos rodeia.

Seleções do Midrash
Midrashim Sobre a Parashat Vayechi

O Pedido de Yaacov
Após muito tempo de dificuldades, Yaacov passou seus últimos anos no Egito, em paz e felicidade imperturbáveis. Viu Yossef soberano, e todos os filhos, sem exceção, tsadikim seguindo seu legado.

A Torá define seus últimos dezessete anos como "Anos de Vida", pois o Espírito Divino pairava sobre Yaacov. D'us compensou-o desta forma pelos vinte e dois anos que passara enlutado por Yossef. A Yaacov aplica-se o dito: "Tudo está bem, se termina bem."

Yaacov vivia com os filhos e netos no Egito, numa localidade chamada Goshen. Somente seu filho Yossef vivia na capital, porque era o governante.

Aos poucos, envelheceu e ficou mais fraco, até sentir que a morte se aproximava. Yaacov então pediu a Yossef que fosse visitá-lo. Disse a Yossef: "Quero que me faça uma promessa. Após minha morte, certifique-se de que eu não seja enterrado aqui no Egito! Leve meu corpo para Êrets Yisrael, a Terra Santa, e sepulte-me na Gruta de Machpelá onde estão meus pais, Avraham e Yitschac."

Yaacov ordenou isto a Yossef em vez de fazê-lo a qualquer dos outros filhos, porque sabia que não possuíam poder para realizar seu desejo. Apenas Yossef, o governador, poderia obter permissão do Faraó para deixar o Egito a fim de levar os restos mortais de seu pai a Êrets Yisrael. Yaacov fez Yossef jurar que faria isso por ele, e Yossef jurou.

Yaacov ficou feliz. Virou-se para a Presença Divina que pairava sobre sua cama (uma vez que a Divindade está presente sobre a cama de um enfermo) e curvou-se, agradecendo a D'us por seu desejo ter sido concedido.

O Midrash explica: Por que Yaacov pediu para não ser sepultado no Egito, mas apenas em Êrets Yisrael

Yaacov tinha várias razões pelas quais não queria ser enterrado no Egito:

•Com seu dom profético previu que, um dia, D'us enviaria dez pragas sobre os egípcios, e uma delas seria a praga dos piolhos. Os piolhos cobririam a terra do Egito e Yaacov não queria que seu corpo fosse coberto de piolhos.

•Yaacov temia que se fosse enterrado lá, seus descendentes considerariam o Egito sua pátria e terra natal. Ponderariam: "Se não fosse uma terra sagrada, não teria sido enterrado aqui."

Queria que seus descendentes estivessem sempre conscientes do fato de que estavam no Egito apenas temporariamente.

Yaacov também tinha uma razão para desejar especificamente ser enterrado em Êrets Yisrael:

•Nossos sábios ensinam que aqueles que são enterrados em Êrets Yisrael serão os primeiros a levantar-se em Techiyat Hametim (Ressurreição dos Mortos).

Qual o destino de um judeu enterrado fora de Êrets Yisrael? D'us criará túneis subterrâneos especiais. Através desses, o corpo irá “rolar” até Êrets Yisrael. Então reviverá na Terra Santa. Portanto, Yaacov instruiu Yossef: "Não me enterre no Egito. Gostaria de ser poupado de revolver-me até Êrets Yisrael na época da Ressurreição dos Mortos."

Pediu também a Yossef: "Quero descansar junto com meus pais, e levantar em boa companhia quando chegar a hora certa."

Um judeu deve fazer os arranjos necessários para ser enterrado perto de tsadikim, justos, a fim de estar perto deles na hora da ressurreição.
Yaacov Adoece Antes de Falecer
Até a época de Yaacov, as pessoas estavam bem, e então, quando chegava a hora de seu falecimento, morriam subitamente. Ao final da vida, a pessoa espirrava uma vez, e com este espirro a alma deixava o corpo. (Por isso, quando alguém espirra, é costume desejar-lhe "Saúde!", para nos lembrar que certa vez, há muito tempo, o espirro era fatal, e agora, graças a D'us, não é mais.)

Yaacov rezou a D'us: "Se uma pessoa morre subitamente, não tem tempo de abençoar os filhos e dar-lhes instruções, nem resolver seus assuntos. Por favor, D'us, permita que haja um tempo preparatório de doença antes da morte, para que seja possível cuidar da minha família e fazer todos os arranjos necessários."

D'us aceitou a prece de Yaacov. Quando este ficou doente, sabia que estava na hora de abençoar os filhos e dar-lhes seus últimos ensinamentos.

Todos os nossos patriarcas formularam pedidos semelhantes a D'us:

•Antes da época de Avraham, todas as pessoas tinham aparência jovem até falecerem. Avraham pediu a D'us que lhe conferisse sinais de idade, argumentando: "Se pai e filho têm a mesma aparência, como as pessoas saberão qual honrar ao adentrarem juntos um recinto? Destaque um homem idoso através de sinais como cabelos brancos e rugas. Então as pessoas saberão a quem respeitar."

D'us respondeu-lhe: "Você pediu algo bom! Por isso, começarei com você." Então Avraham começou a parecer-se com um idoso, e depois dele, toda a humanidade começou a apresentar sinais externos de idade.

•Antes de Yitschac, ninguém jamais sentira dor. Veio então Yitschac e pediu dor e sofrimento.
Disse a D'us: "Se alguém morrer sem a vivência da dor, lhe será aplicado todo o rigor do julgamento Celestial. Dores neste mundo o pouparão da punição no Mundo Vindouro."

D'us respondeu: "Você pediu algo bom! Começarei por você!" Em seguida, Yitschac ficou cego.

Yaacov pediu por doenças antes da morte. D'us disse: "Você pediu algo bom! Começarei com você!" Conseqüentemente, Yaacov tornou-se o primeiro homem a adoecer antes de falecer.

•Antes da época do rei Chizkiyáhu, ninguém se recuperava de uma doença fatal. Chizkiyáhu rezou a D'us: "Se um homem permanecer saudável até sua morte, esquecerá de fazer teshuvá. Mas se alguém ficar gravemente enfermo, fará teshuvá, na esperança de recuperar-se." D'us disse: "Você pediu algo bom! Começarei com você!" Chizkiyáhu ficou gravemente doente, mas recuperou-se.

Este Midrash é um surpreendente guia para nossos dias e época. Se pudéssemos formular um desejo a D'us, qual seria? Certamente, expressaríamos nosso desejo de juventude eterna, saúde, felicidade, e assim por diante. O Midrash nos conta que os patriarcas pediram justamente o contrário! Pediram para parecerem velhos, para terem dor e sofrimentos!

Por que reagiram de maneira diferente? A resposta é que atribuímos grande importância ao bem-estar neste mundo. Nossos patriarcas, contudo, estavam sempre cônscios de que o objetivo da existência é o Mundo Vindouro. Portanto, pediram o que quer que promovesse o bem-estar espiritual e rejeitaram tudo o que pudesse ser obstáculo ao bem-estar da alma.

Yaacov Abençoa Efráyim e Menashê
Pouco depois, Yossef recebeu uma mensagem que dizia: "Seu pai está gravemente doente!" Esta notícia lhe foi trazida através de seu filho Efráyim, que freqüentava a casa de Yaacov em Goshen, a fim de estudar Torá. Foi à capital egípcia para relatar a seu pai acerca da condição crítica de Yaacov.

Osnat, esposa de Yossef, aconselhou-o: "Receber uma bênção de um tsadic equivale a receber uma bênção de D'us. Leve nossos filhos a Yaacov, a fim de que os abençoe!" Chamou imediatamente seus dois filhos, Efráyim e Menashê, e viajou com eles a Goshen.

Yaacov, debilitado pela doença, estava na cama quando o informaram: "Seu filho Yossef chegou." Fortaleceu-se e sentou na cama. Disse: "Apesar da pessoa que chegou ser meu filho, é também um rei." Yaacov também esforçou-se para sentar-se ereto, pois queria evitar que suas palavras pudessem ser consideradas as de um homem senil. Temia que, mais tarde, alguém alegasse: "Yaacov deu suas bênçãos quando sua mente já não estava mais clara."

Yaacov prometeu a Yossef: "A você, Yossef, estou concedendo um presente especial. Tratarei você como um primogênito que recebe uma porção dupla. Não será contado apenas como uma tribo, mas seus filhos Efráyim e Menashê serão contados como duas tribos separadas!"

Yaacov aproveitou este momento para esclarecer a seu filho, porque estava incumbindo-o de levar seu corpo para ser enterrado em Êrets Yisrael sendo que não havia feito o mesmo com a sua mãe, Rachel. Ao contrário de todas outras matriarcas, Rachel fora enterrada no meio do caminho, em Bet Lêchem.

"Quando vim de Padan Aram, sua mãe faleceu. Sua morte me foi mais penosa que qualquer outra tribulação pela qual passei. Enterrei-a à beira da estrada. Sei que você se ressente disso desde que lhe pedi para fazer o que falhei em realizar para sua mãe. Contudo, acredite-me, desejava tanto quanto você que ela fosse enterrada comigo na Gruta de Machpelá."

"Apenas diga uma palavra, pai, e ela será levada à Gruta de Machpelá," disse Yossef.

"Você não pode fazer isto, meu filho," retrucou Yaacov, "pois foi pela ordem de D'us que enterrei-a em Bet Lêchem. D'us revelou-me que, no futuro, Benê Yisrael serão exilados por Nebuchadnêtsar, (Nabucodonosor) o rei da Babilônia e em seu caminho passarão pelo túmulo de Rachel. Então sua mãe Rachel suplicará a D'us que tenha misericórdia deles, e Ele aceitará a oração dela."

Quando Yossef entrou com seus dois filhos, Yaacov perguntou: "Quem são esses?" Yaacov não podia enxergar bem devido à idade avançada e não os reconheceu.

"Estes são meus filhos," respondeu Yossef.

"Traga-os mais perto e eu os abençoarei," Yaacov disse.

Yossef colocou Menashê, o filho mais velho, à direita de Yaacov, e o filho mais novo, Efráyim, à sua esquerda. Yaacov pousou as mãos sobre a cabeça dos netos - mas de maneira estranha: ao invés de colocar a mão direita sobre a cabeça de Menashê, que estava à sua direita, e a mão esquerda sobre Efráyim, Yaacov cruzou os braços. Sua mão direita ficou sobre a cabeça de Efráyim e a esquerda, sobre Menashê.

Antes que Yossef pudesse protestar, seu pai iniciou a bênção:

"Que D'us, que sempre enviou Seu anjo para proteger-me, envie também Seu anjo para abençoar estes rapazes. Que eles sempre mereçam ser chamados de filhos de Avraham, Yitschac e Yaacov. E assim como o peixe se multiplica nas águas, possam os filhos de Yossef tornar-se fortes e se multiplicarem na Terra (de Êrets Yisrael)."

Yossef pensou que seu pai confundira as idades dos seus filhos. Pegou a mão do pai para colocá-la sobre a cabeça de Menashê. "Não é assim, meu pai," explicou Yossef. "Este é que é o primogênito! Coloque a mão direita sobre sua cabeça!"

Yaacov retrucou: "Yossef, você acha que não estou consciente de um fato tão óbvio para você? O meu dom profético me revela coisas que você nunca me disse. Sei que você foi vendido. Sei dos motivos de Reuven, quando pecou. Sei dos pensamentos de Yehudá quando aproximou-se de Tamar. E você pensou que eu não saberia qual de seus filhos é o mais velho?

"Troquei as mãos de propósito," explicou. "Tanto Menashê como Efráyim terão descendentes notáveis. Mas Efráyim, o mais jovem de seus filhos, se destacará. Terá um descendente, o grande líder Yehoshua, que trará os judeus até Êrets Yisrael e um dia fará com que o sol fique parado no firmamento enquanto luta contra seus inimigos. Por este motivo coloquei minha mão direita sobre Efráyim."

"A bênção de Efráyim e Menashê servirá de modelo a todos os pais judeus ao abençoarem seus filhos: 'Possa D'us torná-los como Efráyim e Menashê!'"

Porque Efráyim e Menashê foram escolhidos como exemplos para todas bênçãos futuras concedidas de pais para filhos, em vez de Avraham, Yitschac e Yaacov? A resposta é que os primeiros judeus nascidos e educados no exílio e que permaneceram leais à Torá, a despeito do ambiente egípcio foram Efráyim e Menashê. Por isso, são os nossos modelos.

Após abençoar os filhos de Yossef, Yaacov anunciou: "Estou prestes a morrer, mas D'us estará com vocês, e enviará Seu mensageiro, para libertá-los do exílio egípcio. Revelarei a vocês sinais através dos quais poderão identificar o verdadeiro líder: ele pronunciará a expressão ‘pacod yifcod’ (‘Eu Me lembrei’)."

(Antes do seu próprio falecimento, Yossef, transmitiu esta mensagem de Yaacov a Serach, a filha de Asher, neta de Yaacov, que sobrevivera a todos os outros membros de sua geração. Ela ainda estava viva na época em que Moshê chegou ao Egito. Revelou a Benê Yisrael: "Se ele pronunciar as palavras ‘pacod yifcod’, é o verdadeiro mensageiro de D'us!" Por isso, assim que o povo ouviu estas palavras da boca de Moshê, acreditaram nele e em sua missão.)

Yaacov prometeu a Yossef: "Como recompensa por você ter tido o trabalho de levar-me a Êrets Yisrael para enterrar-me, eis que te concedo a cidade de Shechem como teu local de sepultura (além da porção de terra que receberá com teus irmãos). Tomei Shechem das mãos dos emoritas na época em que levantei-me com arco e flecha para ajudar Shimon e Levi, após terem aniquilado Shechem."

Yaacov Abençoa seus Doze Filhos
Yaacov reuniu todos os doze filhos a fim de dar-lhes a bênção de despedida. Rezou para que D'us ouvisse as orações de seus filhos em tempos de necessidade. Então profetizou: "Vocês serão reunidos na época da redenção do Egito, e sairão de lá eretos e de cabeça erguida. Purifiquem-se, para que minhas bênçãos tenham efeito! Permaneçam juntos e unidos, então serão merecedores da definitiva redenção, através de Mashiach!"

Quando todos os filhos estavam ao redor do leito paterno, ele anunciou-lhes: "Agora revelarei um segredo a vocês. Contarei quando Mashiach virá ao final do exílio."

Mas quando Yaacov quis continuar falando, não pôde. D'us não lhe permitiu, porque não queria que os judeus soubessem a data da chegada de Mashiach.

Yaacov ficou preocupado. "Por que D'us tirou de mim a profecia, para que eu não pudesse falar mais?" - pensou ele. Talvez seja porque um de meus filhos não seja um tsadic?! Talvez um ou alguns deles adorem ídolos, como seu antepassado ou seu avô Lavan fez?"

Yaacov perguntou aos filhos: "Vocês servem apenas a D'us?"

Todos responderam juntos: "Shemá Yisrael Hashem Elokênu Hashem Echad - Ouve, ó Israel (Yaacov), D’us é nosso Senhor, D’us é um!"

Yaacov inclinou-se para agradecer D'us e respondeu em voz baixa: "Baruch Shem Kevod Malchutô Leolam Vaed - Bendito seja o nome da glória de Seu reino para toda a eternidade -Louvado seja D'us! Meus filhos são todos tsadikim que servem a Ele!"

Então Yaacov abençoou seus doze filhos: repreendeu os que mereciam repreensão, mas não na presença dos outros, para que não se envergonhassem. Os elogios e as bênçãos foram ditos na presença de todos, pois Yaacov desejava alegrar seus corações.

Suas palavras foram proféticas. Quase todas já se cumprido, e algumas tornar-se-ão verdadeiras na era de Mashiach.

A Bênção de Reuven

A Reuven, Yaacov disse: "Reuven, você é meu primogênito. É um primogênito muito especial, que merece ser louvado!
Diferente da maioria dos primogênitos, que são ladrões e assaltantes. Essav estava preparado para trazer animais a seu pai, mesmo que tivesse que roubá-los; mas você foi zeloso em não tocar no que não te pertence. Quando saiu ao campo, na época da colheita, certificou-se em trazer para sua mãe apenas flores silvestres, sem dono.

"A maioria dos primogênitos odeia os irmãos: Cáyin odiava Hêvel, Yishmael odiava Yitschac, Essav odiava Yaacov. Mas você foi bondoso, dizendo a seus irmãos que não derramem o sangue de Yossef. Normalmente o primogênito da família está encarregado do serviço de D'us, merece honras, e recebe uma porção dupla dos pertences do pai.

"Porém você, Reuven, não receberá nada disso, porque pecou. Agiu de maneira muito precipitada, como um rio de corredeira. Devido à tua pressa, explodindo de raiva como água que se apressa em seu curso, você não será elevado a nenhuma dessas posições superiores. Desde quando demonstrou zelo por tua mãe, e desarrumou ambos os leitos, o de teu pai e o da Divindade. (Yaacov refere-se aqui ao episódio ocorrido na parashá de Vayishlach, quando Reuven interferiu nos arranjos matrimoniais de seu pai).

"Por isso, os cohanim, que realizam o serviço de D'us, não virão de sua tribo (mas de Levi), e os reis não descenderão de você (mas de Yehudá) e você não receberá duas porções como um primogênito. (Em vez disso, os filhos de Yossef tornaram-se duas tribos.)

"Não cometa mais pecados no futuro, e então D'us o perdoará!"

A Bênção de Shimon e Levi

A Shimon e Levi, Yaacov disse:

"Vocês dois, Shimon e Levi são irmãos (agiram como irmãos em relação a Dina, mas não a Yossef). Vocês têm personalidades semelhantes, e gostam de fazer as coisas juntos. Ambos destruíram Shechem, e ambos quiseram matar Yossef.

"Mas prestem atenção: Vocês geralmente ficam furiosos e exaltados, e por isso cometem erros. Suas armas são roubadas de Essav, pois ingressaram numa profissão que não era deles, quando aniquilaram o povo de Shechem. A arte bélica e o uso de espadas é próprio de Essav, não de nossa família.

"Além disso, o povo judeu luta de maneira diferente que os não-judeus; nossas principais armas são nosso estudo de Torá e preces.

"Será muito perigoso se as tribos de Shimon e Levi permanecerem juntas; portanto, eu as separarei uma da outra quando se estabelecerem em Êrets Yisrael. A terra de Shimon será bem no meio da terra de Yehudá, e a tribo de Levi será dispersa por toda Êrets Yisrael, em quarenta e oito cidades diferentes."

(No futuro, a maioria dos pobres, escribas e professores descenderiam da tribo de Shimon. Assim, a profecia de Yaacov que esta tribo se manteria dispersa seria realizada desta maneira: estes indivíduos seriam obrigados a perambular para angariar tsedacá ou para procurar o seu sustento. Também a tribo de Levi estará dispersa, em conseqüência de terem que viajar para coletar seus proventos de outros. Mas pelo menos para a tribo de Levi esta dispersão se concretizou de maneira mais honrosa: viajavam para coletar os dízimo e presentes, que lhe eram devidos.)

Quando as outras tribos ouviram as severas palavras de Yaacov, começaram a retirar-se uma a uma, esperando um sermão similar. Mas Yaacov chamou Yehudá e elogiou-o.

"Yehudá, você agiu corretamente, admitindo sua culpa no caso de Tamar."

A Bênção de Yehudá

Yaacov abençoou Yehudá:

"Yehudá, todos seus irmãos admitem que você é o rei e líder entre eles. A nação inteira portará teu nome. Não serão chamados de Reuvenim ou Shimonim, mas de Yehudim - judeus!

"A princípio, será comparado a um jovem leão, porém mais tarde será comparado a um grande e poderoso leão, de quem todos sentem medo."

Yaacov comparou Yehudá primeiro a um leão pequeno e jovem, e depois a um leão adulto. Yaacov previu que a tribo de Yehudá ficaria cada vez mais forte, como um filhote de leão que se desenvolve até ficar adulto. A tribo de Yehudá começaria a se fortalecer durante os quarenta anos no deserto. O estandarte de Yehudá viajava na frente de todas as outras. E mais, quando os judeus chegassem a Êrets Yisrael, Yehuda seria o primeiro a lutar contra os canaanitas. O primeiro juiz, Otniel ben Kenaz, viria também da tribo de Yehudá. Mas tudo isso era apenas o começo da força de Yehudá.
Yehudá finalmente seria como "um jovem leão" na época de David, o poderoso rei, que sobrepujaria seus inimigos com a coragem e força de um leão.

Tanto o "jovem leão" como o "leão adulto" podem ser interpretados como descrições do próprio Rei David. No início, David seria apenas um general e ainda não muito poderoso, como um "jovem leão." Mais tarde seria coroado rei e tornar-se-ia poderoso como um grande leão.

Yaacov continuou a abençoar Yehuda: "De você, Yehuda, descenderão os líderes ao povo judeu até a época de Mashiach, chamado de Shilô. Mashiach também será descendente de Yehudá.

As colinas de Yehudá em Êrets Yisrael ficarão tão repletas de vinhas com uvas vermelhas que as colinas parecerão rubras, e seus campos parecerão brancos por causa do cereal abundante e das inúmeras ovelhas."

A Bênção de Zevulun

Yaacov abençoou Zevulun:

"Quando Êrets Yisrael for dividida entre as tribos, você receberá uma porção ao longo da costa. Viajará em navios cruzando os mares para negociar com as outras nações."

A tribo de Zevulun fez um acordo com a tribo de Yissachar: os homens de Zevulun viajariam a negócios, enquanto que os membros de Yissachar estudariam Torá o dia inteiro. Os mercadores de Zevulun dividiriam seus ganhos com os estudiosos de Torá de Yissachar. Em troca, D'us daria uma parte da recompensa do aprendizado de Torá de Yissachar para Zevulun.

Uma História: A Recompensa por Fazer Caridade

Nos tempos antigos, viajar pelo oceano era muito perigoso. Muitos navios afundavam.
Um judeu que costumava fazer muita caridade certa vez viajou de navio.

Rabi Akiva estava caminhando pela praia quando viu o homem embarcar no navio. Quando Rabi Akiva olhou para o oceano uma terrível tempestade estava se formando. Logo o navio não poderia mais enfrentar as fortes ondas. A água começou a inundar o convés, e muito lentamente, o navio começou a afundar, até que finalmente desapareceu dentro da água.

"Que pena que este maravilhoso judeu tenha se afogado!" - pensou Rabi Akiva. "Irei aos rabinos do Beit Din e informá-los-ei de que este homem está morto. Então permitirão que sua esposa se case com outra pessoa."

Quando Rabi Akiva entrou no edifício onde os sábios do Tribunal Rabínico costumavam se reunir, outro homem também entrou. Rabi Akiva não pôde acreditar em seus próprios olhos. O homem se parecia exatamente com aquele que havia visto embarcar no navio que acabara de afundar!
"Desculpe-me," Rabi Akiva disse surpreso, "mas não vi o senhor a bordo daquele navio que acabou de naufragar?"

"Sim," disse o homem.

"Como foi então que se salvou do afogamento naquele mar terrível e furioso?" - perguntou Rabi Akiva.
"Foi o fato de doar dinheiro para caridade que me salvou," replicou o homem.

"Como sabe disso?" - inquiriu Rabi Akiva.

"Quando eu já estava no fundo da água," disse o homem, "ouvi o anjo do mar chamando: 'Rápido, ajude-nos a levar este homem para cima! Ele deu dinheiro para caridade durante toda a vida!' Senti-me sendo levantado e empurrado para a terra seca."

"Que maravilha!" - exclamou Rabi Akiva. "Que maravilhosa demonstração de como a caridade salva uma pessoa da morte!"

Um dos melhores tipos de caridade é sustentar estudiosos da Torá sem recursos. Ao oferecer-lhes dinheiro, permitimos que continuem seus estudos. Assim fazendo, ganhamos também um quinhão em seu aprendizado de Torá.

A Bênção de Yissachar

Yaacov abençoou Yissachar.

"Yissachar é comparado a um jumento ossudo que carrega o fardo colocado às suas costas pelo amo. Assim também, os membros de Yissachar aceitam as provações e fardos para estudarem diligentemente a Torá. Muitos deles tornar-se-ão membros do Supremo Tribunal, e decidirão as questões da Lei Judaica."

(Por que Yissachar é comparado a um burro? Acaso os elogios a Yissachar não se destacariam ainda mais se Yaacov o tivesse descrito como leão ou pantera, em vez de burro? A resposta é que o caráter do burro difere do dos outros animais. O burro não se rebela contra seu dono quando este impõe-lhe uma carga, mas suporta-a pacientemente. A mesma característica é verdadeira para Yissachar. Ele aceita de boa vontade o jugo da Torá. Como o burro não se importa com seu próprio prestígio, mas com a honra de seu dono, assim também Yissachar, o estudante da Torá, desconsidera sua própria honra, e vive para glorificar o Nome de D'us.)

"Ao contrário de Zevulun, os membros de Yissachar não viajaram ao exterior para negociar. Ficaram sentados na quietude de suas casas de estudo, a fim de adquirir um conhecimento vasto e profundo da Torá. Saberão então como ensinar e orientar outros judeus. Como as costelas do burro são salientes e claramente visíveis, assim é a Torá de Yissachar, de magna clareza.

Como o burro, que não tem estábulo, mas deita-se para dormir entre as fronteiras de qualquer cidade aonde carregue mercadorias, assim é Yissachar, preparado para sacrificar as comodidades da vida em prol do seu estudo.

"A terra de Yissachar em Êrets Yisrael será abençoada e produtiva. Os membros de Yissachar não precisarão passar muito tempo trabalhando a terra. Ao contrário, poderão ocupar-se com o estudo de Torá, sem ter que investir muito tempo nos negócios."

Os frutos da porção de Yissachar eram tão gigantescos que quando eram vendidos à outras nações, estas ficavam perplexas com seu tamanho. Os judeus lhes diziam: "Vocês se surpreendem com esses frutos? Se vissem seus donos, que estudam Torá dia e noite sem parar, então entenderiam! D'us deu-lhes enormes frutos, proporcionais aos tremendos esforços que investem no estudo da Torá!"

Em conseqüência, muitos não-judeus se converteram ao judaísmo.

A Bênção de Dan

Yaacov abençoou Dan:

"Dan é comparável a uma serpente, de duas formas:

1 - Quando os judeus viajarem pelo deserto, a tribo de Dan viajará atrás de todas as outras tribos. Como cobras, os homens de Dan lutarão contra os inimigos atacando-os pela retaguarda.

2 - Yaacov comparou o juiz Shimshon, em particular, a uma cobra. Yaacov previu: "O forte e poderoso Shimshon ficará de tocaia ao lado da estrada, e então saltará subitamente e atacará os inimigos dos judeus, os pelishtim. Matará os soldados mais fortes entre os pelishtim, mesmo os que tem cavalos.

Yaacov visualizou também a queda e morte de Shimshon. Por isso, exclamou: "Lishuatechá kivíti D'us - ainda teremos que esperar pelo redentor final para trazer-nos a salvação definitiva!"
Por que Yaacov comparou Yehuda a um leão e Dan a uma cobra?

O leão e a cobra têm métodos de luta diferentes. O leão é o mais forte de todos os animais, e nada teme. Por isso, ataca e luta abertamente. A serpente, porém, fica na espreita enquanto aguarda. Ataca de repente, furtivamente, para derrubar sua vítima. Yaacov previu: "A tribo de Yehuda lutará como um leão - em campo aberto. A tribo de Dan, porém - especialmente Shimshon, o juiz oriundo da tribo de Dan, usará os métodos da serpente; seus membros atacarão os inimigos de surpresa e os dominará fazendo movimentos falsos e inesperados."

A Bênção de Gad

Yaacov abençoou Gad:

"Os homens de Gad serão fortes heróis de guerra. Marcharão na frente quando os judeus conquistarem Êrets Yisrael na época de Yehoshua. Depois, os homens de Gad retornarão em paz para sua própria terra, na margem leste do Jordão, e nenhum deles faltará. Será perigoso para eles ali viverem, porque estão cercados de inimigos. Porém, derrotarão os adversários e os perseguirão de volta até seus países, e lá, se apropriarão dos despojos."

A Bênção de Asher

Yaacov abençoou Asher:

"A terra de Asher produzirá ricos frutos. Muitas oliveiras crescerão na porção de Asher em Êrets Yisrael, fazendo o azeite fluir do solo como água. Judeus de todas as partes virão até ele para comprar azeite de oliva. Asher suprirá óleo para o serviço do Bet Hamicdash."

A Bênção de Naftali

Yaacov abençoou Naftali:

"Naftali é comparado a uma gazela."

Havia duas razões para Yaacov comparar Naftali a uma gazela:

1 - Assim como a gazela corre rápido, assim os frutos na parte de Êrets Yisrael pertencente a Naftali amadurecerão mais rapidamente que em qualquer outro lugar. O povo de Naftali será o primeiro a fazer a bênção "Shehecheyánu" sobre uma nova fruta.

2 - O próprio Naftali, e mais tarde muitas pessoas de sua tribo, serão ligeiros e rápidos como a gazela. Quando os judeus precisarem de um mensageiro ágil para levar as notícias a qualquer lugar, enviarão um homem de Naftali.

A Bênção de Yossef

Yaacov abençoou Yossef:

"Yossef é um filho gracioso, um filho que encontra graça aos olhos de quem o vê."

Yossef mereceu esta bênção relacionada com o olhar, por ter protegido sua mãe do olhar de Essav. Na parashá de Vayishlach, quando Essav veio ao encontro de Yaacov, Yossef pensou: "Talvez este perverso fixe seus olhos em minha mãe e a cobiçará". Então, resolveu posicionar-se em frente dela, aumentando sua estatura para encobri-la. Por isso, foi abençoado por Yaacov: "Você cresceu para bloquear a visão de Essav, portanto merecerá grandeza"

Yaacov, continuou exclamando:" Moças, ficaram de pé para vê-lo sobre os muros do Egito, atirando-lhe jóias".

As palavras de Yaacov referem-se ao episódio ocorrido quando Yossef tornou-se vice-rei. Foi conduzido pelo Egito inteiro, e todas as mulheres egípcias, até as nobres, subiram ao topo dos telhados, atirando suas jóias sobre Yossef, a fim de atrair sua atenção. Contudo, ele não deu sequer uma olhada.

"Yossef foi amargurado, odiado mas permaneceu firme (resistindo à esposa de Potifar). Controlou-se e não pecou. Portanto, mereceu ornamentos de ouro em seus braços (dados por Faraó). Conseguiu resistir ao pecado, pois teve uma visão de seu pai Yaacov.

"Por isso, D'us te abençoará, dando-lhe uma região abençoada com o orvalho dos céus e água da terra num local privilegiado.

"Bendita é a mãe cujos seios amamentaram um filho tão grande, e o útero que deu à luz um filho tão sábio!"

(Yaacov amava tanto Rachel que mesmo abençoando Yossef, seu filho, mostrava preferência por Rachel, atribuindo ao seu filho qualidades dela. Reconhecia que a virtude de Yossef era resultado de ter nascido de Rachel, a tsadeket.)

"Sejam as mulheres da tribo abençoadas para que não percam seus bebês, e para que não lhes falte leite para alimentá-los".

"Você, Yossef, será abençoado com bênçãos ainda maiores que aquelas que meus pais Avraham e Yitschac me concederam: a bênção sem limites, englobando o mundo inteiro. Que todas minhas bênçãos se tornem realidade para você, Yossef, que tornou-se um governante no Egito e mesmo assim não se descuidou da honra de seus irmãos."

A Bênção de Binyamin

Yaacov abençoou Binyamin:

"A tribo de Binyamin será forte como um lobo que despedaça sua presa. O Beit Hamicdash será construído na porção de Binyamin em Êrets Yisrael, e ali D'us deixará Sua Divindade repousar."
Quando o rei Salomão estava prestes a construir o Bet Hamicdash, as tribos começaram a brigar entre si. Cada uma dizia: "O Bet Hamicdash deve ser construído na minha porção." D'us exclamou: "Tribos, todas vocês são tsadikim! Contudo, são todas sócias na venda de Yossef; com exceção de Binyamin, que não participou. Portanto, desejo habitar nessa porção."

Por que Yaacov comparou a força de Yehuda àquela de um leão e a força de Binyamin à de um lobo?

Depois que um lobo despedaça um animal, não permanece no lugar, mas abocanha alguma carne e foge correndo. Um leão, porém, não tem medo de ficar perto do animal abatido e banquetear-se com ele. Binyamin foi comparado a um leão porque o rei da tribo de Binyamin, Shaul, governou apenas por um curto período de tempo. Yehuda, porém, foi comparado a um leão porque o reino de David perdurou por muitos anos, e então o governo foi transmitido para sempre aos filhos de David.

Yaacov Abençoa seus Doze Filhos
Yaacov reuniu todos os doze filhos a fim de dar-lhes a bênção de despedida. Rezou para que D'us ouvisse as orações de seus filhos em tempos de necessidade. Então profetizou: "Vocês serão reunidos na época da redenção do Egito, e sairão de lá eretos e de cabeça erguida. Purifiquem-se, para que minhas bênçãos tenham efeito! Permaneçam juntos e unidos, então serão merecedores da definitiva redenção, através de Mashiach!"

Quando todos os filhos estavam ao redor do leito paterno, ele anunciou-lhes: "Agora revelarei um segredo a vocês. Contarei quando Mashiach virá ao final do exílio."

Mas quando Yaacov quis continuar falando, não pôde. D'us não lhe permitiu, porque não queria que os judeus soubessem a data da chegada de Mashiach.

Yaacov ficou preocupado. "Por que D'us tirou de mim a profecia, para que eu não pudesse falar mais?" - pensou ele. Talvez seja porque um de meus filhos não seja um tsadic?! Talvez um ou alguns deles adorem ídolos, como seu antepassado ou seu avô Lavan fez?"

Yaacov perguntou aos filhos: "Vocês servem apenas a D'us?"

Todos responderam juntos: "Shemá Yisrael Hashem Elokênu Hashem Echad - Ouve, ó Israel (Yaacov), D’us é nosso Senhor, D’us é um!"

Yaacov inclinou-se para agradecer D'us e respondeu em voz baixa: "Baruch Shem Kevod Malchutô Leolam Vaed - Bendito seja o nome da glória de Seu reino para toda a eternidade -Louvado seja D'us! Meus filhos são todos tsadikim que servem a Ele!"

Então Yaacov abençoou seus doze filhos: repreendeu os que mereciam repreensão, mas não na presença dos outros, para que não se envergonhassem. Os elogios e as bênçãos foram ditos na presença de todos, pois Yaacov desejava alegrar seus corações.

Suas palavras foram proféticas. Quase todas já se cumprido, e algumas tornar-se-ão verdadeiras na era de Mashiach.

A Bênção de Reuven

A Reuven, Yaacov disse: "Reuven, você é meu primogênito. É um primogênito muito especial, que merece ser louvado!
Diferente da maioria dos primogênitos, que são ladrões e assaltantes. Essav estava preparado para trazer animais a seu pai, mesmo que tivesse que roubá-los; mas você foi zeloso em não tocar no que não te pertence. Quando saiu ao campo, na época da colheita, certificou-se em trazer para sua mãe apenas flores silvestres, sem dono.

"A maioria dos primogênitos odeia os irmãos: Cáyin odiava Hêvel, Yishmael odiava Yitschac, Essav odiava Yaacov. Mas você foi bondoso, dizendo a seus irmãos que não derramem o sangue de Yossef. Normalmente o primogênito da família está encarregado do serviço de D'us, merece honras, e recebe uma porção dupla dos pertences do pai.

"Porém você, Reuven, não receberá nada disso, porque pecou. Agiu de maneira muito precipitada, como um rio de corredeira. Devido à tua pressa, explodindo de raiva como água que se apressa em seu curso, você não será elevado a nenhuma dessas posições superiores. Desde quando demonstrou zelo por tua mãe, e desarrumou ambos os leitos, o de teu pai e o da Divindade. (Yaacov refere-se aqui ao episódio ocorrido na parashá de Vayishlach, quando Reuven interferiu nos arranjos matrimoniais de seu pai).

"Por isso, os cohanim, que realizam o serviço de D'us, não virão de sua tribo (mas de Levi), e os reis não descenderão de você (mas de Yehudá) e você não receberá duas porções como um primogênito. (Em vez disso, os filhos de Yossef tornaram-se duas tribos.)

"Não cometa mais pecados no futuro, e então D'us o perdoará!"

A Bênção de Shimon e Levi

A Shimon e Levi, Yaacov disse:

"Vocês dois, Shimon e Levi são irmãos (agiram como irmãos em relação a Dina, mas não a Yossef). Vocês têm personalidades semelhantes, e gostam de fazer as coisas juntos. Ambos destruíram Shechem, e ambos quiseram matar Yossef.

"Mas prestem atenção: Vocês geralmente ficam furiosos e exaltados, e por isso cometem erros. Suas armas são roubadas de Essav, pois ingressaram numa profissão que não era deles, quando aniquilaram o povo de Shechem. A arte bélica e o uso de espadas é próprio de Essav, não de nossa família.

"Além disso, o povo judeu luta de maneira diferente que os não-judeus; nossas principais armas são nosso estudo de Torá e preces.

"Será muito perigoso se as tribos de Shimon e Levi permanecerem juntas; portanto, eu as separarei uma da outra quando se estabelecerem em Êrets Yisrael. A terra de Shimon será bem no meio da terra de Yehudá, e a tribo de Levi será dispersa por toda Êrets Yisrael, em quarenta e oito cidades diferentes."

(No futuro, a maioria dos pobres, escribas e professores descenderiam da tribo de Shimon. Assim, a profecia de Yaacov que esta tribo se manteria dispersa seria realizada desta maneira: estes indivíduos seriam obrigados a perambular para angariar tsedacá ou para procurar o seu sustento. Também a tribo de Levi estará dispersa, em conseqüência de terem que viajar para coletar seus proventos de outros. Mas pelo menos para a tribo de Levi esta dispersão se concretizou de maneira mais honrosa: viajavam para coletar os dízimo e presentes, que lhe eram devidos.)

Quando as outras tribos ouviram as severas palavras de Yaacov, começaram a retirar-se uma a uma, esperando um sermão similar. Mas Yaacov chamou Yehudá e elogiou-o.

"Yehudá, você agiu corretamente, admitindo sua culpa no caso de Tamar."

A Bênção de Yehudá

Yaacov abençoou Yehudá:

"Yehudá, todos seus irmãos admitem que você é o rei e líder entre eles. A nação inteira portará teu nome. Não serão chamados de Reuvenim ou Shimonim, mas de Yehudim - judeus!

"A princípio, será comparado a um jovem leão, porém mais tarde será comparado a um grande e poderoso leão, de quem todos sentem medo."

Yaacov comparou Yehudá primeiro a um leão pequeno e jovem, e depois a um leão adulto. Yaacov previu que a tribo de Yehudá ficaria cada vez mais forte, como um filhote de leão que se desenvolve até ficar adulto. A tribo de Yehudá começaria a se fortalecer durante os quarenta anos no deserto. O estandarte de Yehudá viajava na frente de todas as outras. E mais, quando os judeus chegassem a Êrets Yisrael, Yehuda seria o primeiro a lutar contra os canaanitas. O primeiro juiz, Otniel ben Kenaz, viria também da tribo de Yehudá. Mas tudo isso era apenas o começo da força de Yehudá.
Yehudá finalmente seria como "um jovem leão" na época de David, o poderoso rei, que sobrepujaria seus inimigos com a coragem e força de um leão.

Tanto o "jovem leão" como o "leão adulto" podem ser interpretados como descrições do próprio Rei David. No início, David seria apenas um general e ainda não muito poderoso, como um "jovem leão." Mais tarde seria coroado rei e tornar-se-ia poderoso como um grande leão.

Yaacov continuou a abençoar Yehuda: "De você, Yehuda, descenderão os líderes ao povo judeu até a época de Mashiach, chamado de Shilô. Mashiach também será descendente de Yehudá.

As colinas de Yehudá em Êrets Yisrael ficarão tão repletas de vinhas com uvas vermelhas que as colinas parecerão rubras, e seus campos parecerão brancos por causa do cereal abundante e das inúmeras ovelhas."

A Bênção de Zevulun

Yaacov abençoou Zevulun:

"Quando Êrets Yisrael for dividida entre as tribos, você receberá uma porção ao longo da costa. Viajará em navios cruzando os mares para negociar com as outras nações."

A tribo de Zevulun fez um acordo com a tribo de Yissachar: os homens de Zevulun viajariam a negócios, enquanto que os membros de Yissachar estudariam Torá o dia inteiro. Os mercadores de Zevulun dividiriam seus ganhos com os estudiosos de Torá de Yissachar. Em troca, D'us daria uma parte da recompensa do aprendizado de Torá de Yissachar para Zevulun.

Uma História: A Recompensa por Fazer Caridade

Nos tempos antigos, viajar pelo oceano era muito perigoso. Muitos navios afundavam.
Um judeu que costumava fazer muita caridade certa vez viajou de navio.

Rabi Akiva estava caminhando pela praia quando viu o homem embarcar no navio. Quando Rabi Akiva olhou para o oceano uma terrível tempestade estava se formando. Logo o navio não poderia mais enfrentar as fortes ondas. A água começou a inundar o convés, e muito lentamente, o navio começou a afundar, até que finalmente desapareceu dentro da água.

"Que pena que este maravilhoso judeu tenha se afogado!" - pensou Rabi Akiva. "Irei aos rabinos do Beit Din e informá-los-ei de que este homem está morto. Então permitirão que sua esposa se case com outra pessoa."

Quando Rabi Akiva entrou no edifício onde os sábios do Tribunal Rabínico costumavam se reunir, outro homem também entrou. Rabi Akiva não pôde acreditar em seus próprios olhos. O homem se parecia exatamente com aquele que havia visto embarcar no navio que acabara de afundar!
"Desculpe-me," Rabi Akiva disse surpreso, "mas não vi o senhor a bordo daquele navio que acabou de naufragar?"

"Sim," disse o homem.

"Como foi então que se salvou do afogamento naquele mar terrível e furioso?" - perguntou Rabi Akiva.
"Foi o fato de doar dinheiro para caridade que me salvou," replicou o homem.

"Como sabe disso?" - inquiriu Rabi Akiva.

"Quando eu já estava no fundo da água," disse o homem, "ouvi o anjo do mar chamando: 'Rápido, ajude-nos a levar este homem para cima! Ele deu dinheiro para caridade durante toda a vida!' Senti-me sendo levantado e empurrado para a terra seca."

"Que maravilha!" - exclamou Rabi Akiva. "Que maravilhosa demonstração de como a caridade salva uma pessoa da morte!"

Um dos melhores tipos de caridade é sustentar estudiosos da Torá sem recursos. Ao oferecer-lhes dinheiro, permitimos que continuem seus estudos. Assim fazendo, ganhamos também um quinhão em seu aprendizado de Torá.

A Bênção de Yissachar

Yaacov abençoou Yissachar.

"Yissachar é comparado a um jumento ossudo que carrega o fardo colocado às suas costas pelo amo. Assim também, os membros de Yissachar aceitam as provações e fardos para estudarem diligentemente a Torá. Muitos deles tornar-se-ão membros do Supremo Tribunal, e decidirão as questões da Lei Judaica."

(Por que Yissachar é comparado a um burro? Acaso os elogios a Yissachar não se destacariam ainda mais se Yaacov o tivesse descrito como leão ou pantera, em vez de burro? A resposta é que o caráter do burro difere do dos outros animais. O burro não se rebela contra seu dono quando este impõe-lhe uma carga, mas suporta-a pacientemente. A mesma característica é verdadeira para Yissachar. Ele aceita de boa vontade o jugo da Torá. Como o burro não se importa com seu próprio prestígio, mas com a honra de seu dono, assim também Yissachar, o estudante da Torá, desconsidera sua própria honra, e vive para glorificar o Nome de D'us.)

"Ao contrário de Zevulun, os membros de Yissachar não viajaram ao exterior para negociar. Ficaram sentados na quietude de suas casas de estudo, a fim de adquirir um conhecimento vasto e profundo da Torá. Saberão então como ensinar e orientar outros judeus. Como as costelas do burro são salientes e claramente visíveis, assim é a Torá de Yissachar, de magna clareza.

Como o burro, que não tem estábulo, mas deita-se para dormir entre as fronteiras de qualquer cidade aonde carregue mercadorias, assim é Yissachar, preparado para sacrificar as comodidades da vida em prol do seu estudo.

"A terra de Yissachar em Êrets Yisrael será abençoada e produtiva. Os membros de Yissachar não precisarão passar muito tempo trabalhando a terra. Ao contrário, poderão ocupar-se com o estudo de Torá, sem ter que investir muito tempo nos negócios."

Os frutos da porção de Yissachar eram tão gigantescos que quando eram vendidos à outras nações, estas ficavam perplexas com seu tamanho. Os judeus lhes diziam: "Vocês se surpreendem com esses frutos? Se vissem seus donos, que estudam Torá dia e noite sem parar, então entenderiam! D'us deu-lhes enormes frutos, proporcionais aos tremendos esforços que investem no estudo da Torá!"

Em conseqüência, muitos não-judeus se converteram ao judaísmo.

A Bênção de Dan

Yaacov abençoou Dan:

"Dan é comparável a uma serpente, de duas formas:

1 - Quando os judeus viajarem pelo deserto, a tribo de Dan viajará atrás de todas as outras tribos. Como cobras, os homens de Dan lutarão contra os inimigos atacando-os pela retaguarda.

2 - Yaacov comparou o juiz Shimshon, em particular, a uma cobra. Yaacov previu: "O forte e poderoso Shimshon ficará de tocaia ao lado da estrada, e então saltará subitamente e atacará os inimigos dos judeus, os pelishtim. Matará os soldados mais fortes entre os pelishtim, mesmo os que tem cavalos.

Yaacov visualizou também a queda e morte de Shimshon. Por isso, exclamou: "Lishuatechá kivíti D'us - ainda teremos que esperar pelo redentor final para trazer-nos a salvação definitiva!"
Por que Yaacov comparou Yehuda a um leão e Dan a uma cobra?

O leão e a cobra têm métodos de luta diferentes. O leão é o mais forte de todos os animais, e nada teme. Por isso, ataca e luta abertamente. A serpente, porém, fica na espreita enquanto aguarda. Ataca de repente, furtivamente, para derrubar sua vítima. Yaacov previu: "A tribo de Yehuda lutará como um leão - em campo aberto. A tribo de Dan, porém - especialmente Shimshon, o juiz oriundo da tribo de Dan, usará os métodos da serpente; seus membros atacarão os inimigos de surpresa e os dominará fazendo movimentos falsos e inesperados."

A Bênção de Gad

Yaacov abençoou Gad:

"Os homens de Gad serão fortes heróis de guerra. Marcharão na frente quando os judeus conquistarem Êrets Yisrael na época de Yehoshua. Depois, os homens de Gad retornarão em paz para sua própria terra, na margem leste do Jordão, e nenhum deles faltará. Será perigoso para eles ali viverem, porque estão cercados de inimigos. Porém, derrotarão os adversários e os perseguirão de volta até seus países, e lá, se apropriarão dos despojos."

A Bênção de Asher

Yaacov abençoou Asher:

"A terra de Asher produzirá ricos frutos. Muitas oliveiras crescerão na porção de Asher em Êrets Yisrael, fazendo o azeite fluir do solo como água. Judeus de todas as partes virão até ele para comprar azeite de oliva. Asher suprirá óleo para o serviço do Bet Hamicdash."

A Bênção de Naftali

Yaacov abençoou Naftali:

"Naftali é comparado a uma gazela."

Havia duas razões para Yaacov comparar Naftali a uma gazela:

1 - Assim como a gazela corre rápido, assim os frutos na parte de Êrets Yisrael pertencente a Naftali amadurecerão mais rapidamente que em qualquer outro lugar. O povo de Naftali será o primeiro a fazer a bênção "Shehecheyánu" sobre uma nova fruta.

2 - O próprio Naftali, e mais tarde muitas pessoas de sua tribo, serão ligeiros e rápidos como a gazela. Quando os judeus precisarem de um mensageiro ágil para levar as notícias a qualquer lugar, enviarão um homem de Naftali.

A Bênção de Yossef

Yaacov abençoou Yossef:

"Yossef é um filho gracioso, um filho que encontra graça aos olhos de quem o vê."

Yossef mereceu esta bênção relacionada com o olhar, por ter protegido sua mãe do olhar de Essav. Na parashá de Vayishlach, quando Essav veio ao encontro de Yaacov, Yossef pensou: "Talvez este perverso fixe seus olhos em minha mãe e a cobiçará". Então, resolveu posicionar-se em frente dela, aumentando sua estatura para encobri-la. Por isso, foi abençoado por Yaacov: "Você cresceu para bloquear a visão de Essav, portanto merecerá grandeza"

Yaacov, continuou exclamando:" Moças, ficaram de pé para vê-lo sobre os muros do Egito, atirando-lhe jóias".

As palavras de Yaacov referem-se ao episódio ocorrido quando Yossef tornou-se vice-rei. Foi conduzido pelo Egito inteiro, e todas as mulheres egípcias, até as nobres, subiram ao topo dos telhados, atirando suas jóias sobre Yossef, a fim de atrair sua atenção. Contudo, ele não deu sequer uma olhada.

"Yossef foi amargurado, odiado mas permaneceu firme (resistindo à esposa de Potifar). Controlou-se e não pecou. Portanto, mereceu ornamentos de ouro em seus braços (dados por Faraó). Conseguiu resistir ao pecado, pois teve uma visão de seu pai Yaacov.

"Por isso, D'us te abençoará, dando-lhe uma região abençoada com o orvalho dos céus e água da terra num local privilegiado.

"Bendita é a mãe cujos seios amamentaram um filho tão grande, e o útero que deu à luz um filho tão sábio!"

(Yaacov amava tanto Rachel que mesmo abençoando Yossef, seu filho, mostrava preferência por Rachel, atribuindo ao seu filho qualidades dela. Reconhecia que a virtude de Yossef era resultado de ter nascido de Rachel, a tsadeket.)

"Sejam as mulheres da tribo abençoadas para que não percam seus bebês, e para que não lhes falte leite para alimentá-los".

"Você, Yossef, será abençoado com bênçãos ainda maiores que aquelas que meus pais Avraham e Yitschac me concederam: a bênção sem limites, englobando o mundo inteiro. Que todas minhas bênçãos se tornem realidade para você, Yossef, que tornou-se um governante no Egito e mesmo assim não se descuidou da honra de seus irmãos."

A Bênção de Binyamin

Yaacov abençoou Binyamin:

"A tribo de Binyamin será forte como um lobo que despedaça sua presa. O Beit Hamicdash será construído na porção de Binyamin em Êrets Yisrael, e ali D'us deixará Sua Divindade repousar."
Quando o rei Salomão estava prestes a construir o Bet Hamicdash, as tribos começaram a brigar entre si. Cada uma dizia: "O Bet Hamicdash deve ser construído na minha porção." D'us exclamou: "Tribos, todas vocês são tsadikim! Contudo, são todas sócias na venda de Yossef; com exceção de Binyamin, que não participou. Portanto, desejo habitar nessa porção."

Por que Yaacov comparou a força de Yehuda àquela de um leão e a força de Binyamin à de um lobo?

Depois que um lobo despedaça um animal, não permanece no lugar, mas abocanha alguma carne e foge correndo. Um leão, porém, não tem medo de ficar perto do animal abatido e banquetear-se com ele. Binyamin foi comparado a um leão porque o rei da tribo de Binyamin, Shaul, governou apenas por um curto período de tempo. Yehuda, porém, foi comparado a um leão porque o reino de David perdurou por muitos anos, e então o governo foi transmitido para sempre aos filhos de David.

O Significado das Bênçãos
Por que Yaacov utilizou-se de animais e feras como meio de comparação ao abençoar seu filhos?
Desejava, desta forma, indicar traços louváveis a seus descendentes. Quando um não-judeu quer obrigar o judeu a abandonar a Torá e mitsvot, Benê Yisrael tornam-se teimosos e ferozes como feras, recusando-se a obedecer. D'us, por outro lado, sempre Se refere a seu povo como a uma pomba, pois quando Ele ordena, seguem-No mansos como uma pomba.

Apesar de Yaacov abençoar cada filho com um atributo específico; como por exemplo: Yehudá com a força de um leão, Naftali com a rapidez da gazela, e Binyamin com a força de compreensão de um lobo; também deu a cada um as qualidades de todos os irmãos, combinadas. Todos poderiam ter a força de leões e a rapidez da gazela, e assim por diante. Mas cada tribo se destacava por uma qualidade especial.

Analogamente, apesar de Yaacov Ter dado uma bênção especial a cada porção de terra em especial, incluiu todas as bênçãos na porção de cada um.

Quando Yaacov abençoou os filhos, invocou D'us para realizar suas bênçãos. D'us ouviu o pedido de Yaacov e concedeu a cada tribo as bênçãos que Yaacov pronunciou.

A Gruta de Machpelá
Quando Yaacov terminou de abençoar todos os filhos, ordenou-lhes: "Certifiquem de não me enterrar no Egito. Levem-me de volta a Êrets Yisrael, à Gruta de Machpelá."

Yaacov faleceu aos 147 anos. Foi pranteado não apenas pelos filhos, mas também todos os habitantes do Egito participaram do luto por Yaacov, porque em conseqüência de sua bênção, o Nilo avolumou-se novamente e transbordou, irrigando a terra e pondo fim à fome. Assim que Yaacov morreu, essa bênção cessou; e a fome atacou novamente.

Yossef enviou uma mensagem ao Faraó: "Meu pai fez-me jurar antes de sua morte que eu levaria seu corpo para ser enterrado na Gruta de Machpelá, na terra de Canaan. Permita-me cumprir meu juramento, e depois regressarei ao Egito."

O Faraó retrucou: "Peça para que os sábios anulem teu juramento."

Yossef replicou: "Se você quiser que eu invalide este juramento, eles anularão simultaneamente outro juramento meu. Uma vez jurei a você que jamais revelaria a ninguém o fato de saber uma língua a mais. Até agora, mantive minha palavra."

"Não o impedirei de ir," respondeu Faraó. "Vá e o enterre como teu pai lhe ordenou."

Yossef colocara seu pai num caixão de ouro puro, cravejado de diamantes. Estendido sobre este havia um pálio tecido de fios de ouro, apoiado sobre esteios adornados de pérolas.

Quando Yossef e os irmãos partiram para Canaan na procissão do funeral, o Faraó promulgou um edito solicitando a todos os súditos que acompanhassem Yaacov, prestando-lhe as últimas honras. O féretro foi carregado pelas tribos, que andavam descalças e choravam, seguidas por uma enorme delegação de egípcios. Yaacov removeu sua coroa e pendurou-a no caixão de seu pai.

Contudo, quando viram a grande pompa prestada a Yaacov, e a coroa de Yossef sobre o caixão, juntaram-se à eles. Os reis de Canaan também penduraram as coroas sobre o caixão. Assim foi Yaacov conduzido até a Gruta da Machpelá, num caixão adornado com trinta e seis coroas.

As tribos então se prepararam para enterrar Yaacov ao lado de Lea, mas Essav interferiu: "O espaço restante na caverna está reservado para mim, não para Yaacov," bradou.

"Como pode ser?" - responderam-lhe as tribos." Você vendeu a Gruta de Machpelá para seu irmão!"

"Mostrem o contrato," exigiu Essav.

Os irmãos replicaram: "Nós o temos, porém está no Egito."

"Sem a escritura, não há provas," argüiu Essav.

"Naftali a trará," disseram.

Naftali, que era ligeiro, correu velozmente para o Egito. Enquanto isso, o enterro atrasava-se.

Chushim, filho de Dan, era surdo e não acompanhava a conversa. Contudo, percebera que Essav era o único que impedia o enterro de seu avô. Golpeou Essav na cabeça com muita força. Essav tombou morto, seu sangue jorrando sobre o caixão de Yaacov. A cabeça de Essav rolou para dentro da Gruta de Machpelá, enquanto seu corpo foi levado ao Monte Seir para ser enterrado.

Os Irmãos Pedem Perdão a Yossef
Antes que Yaacov morresse, Yossef freqüentemente convidava os irmãos para fazerem refeições em seu palácio. Após a morte de Yaacov, porém, não mais os convidou.

Os irmãos ficaram preocupados: "Yossef deve odiar-nos porque vendemos ele como escravo. Enquanto nosso pai estava vivo ele nada demonstrou, para não causar-lhe sofrimento, mas agora não quer mais convidar-nos.'

Os irmãos enviaram uma mensageiro para dizer a Yossef: "Por favor, perdoe-nos por termos feito mal a você."

Então os próprios irmãos o procuraram e curvaram-se perante Yossef, pedindo-lhe perdão.

Yossef ficou magoado pelos irmãos pensarem que os odiava, e chorou. Então, confortou os irmãos: "Não tenham medo! Não os convidei por outro motivo. Enquanto nosso pai era vivo, ele me fazia sentar à cabeceira da mesa. Mas agora que morreu, não desejo continuar sentando à cabeceira da mesa. Reuven é mais velho que eu, e Yehuda é o rei; a cabeceira pertence a um dos dois. Por outro lado, não posso sentar-me ao pé da mesa porque sou o governante do Egito. Como não sei de que forma proceder, parei de convidá-los."

Yossef, o tsadic, falou palavras bondosas a seus irmãos, e fez com que se sentissem bem.

A Morte de Yossef
Yossef governou o Egito por mais 54 anos. Era um homem justo, e um bom governante.

Quando Yossef sentiu que seu fim se aproximava, disse a seus irmãos: "Estou prestes a morrer, mas o Todo Poderoso certamente os redimirá do Egito. Meu pai revelou-me que o redentor que proferirá as palavras pacod yifcod será o mensageiro de D'us, que os tirará do Egito!"

Yossef fez seus irmãos jurarem que ao deixar o Egito, levariam com eles seus ossos para Shechem, o lugar de onde viera. Disse-lhes: "Sei, por tradição, que apenas quatro casais serão enterrados na Gruta. Antes de morrer, chamou seus irmãos e lhes disse: "Não deixem o Egito antes que D'us envie Seu mensageiro para tirá-los daqui. Ao sair, deixem que seus filhos levem o caixão com meus ossos para Êrets Yisrael, e enterrem-me lá. Eles juraram que assim fariam.

Igualmente, D'us queria que as tribos enterrassem Yossef em Shechem, dizendo: "Vocês venderam Yossef. Tragam seus restos mortais de volta a Shechem, ao lugar onde o venderam!"

Yossef faleceu com a idade de cento e dez anos. O falecimento de um tsadic da magnitude de Yossef deixou sua marca sobre o Egito inteiro. Todos os poços secaram, e os irmãos começaram a sentir as agruras do exílio.

Os mágicos egípcios colocaram o corpo de Yossef num caixão de ferro, que afundaram nas profundezas do Nilo, acreditando que traria bênção para o rio.

Um após outro, os filhos de Yaacov faleceram, sendo que Levi gozou de maior longevidade. Ao final de sua vida, Binyamin ainda não tinha pecados. Era um tsadic perfeito. Não obstante, chegara o momento de seu falecimento.

O exílio egípcio abateu-se sobre os judeus em quatro estágios:
• Enquanto Yaacov vivia, Benê Yisrael eram homens livres no Egito (e sua única dificuldade é que eram estrangeiros lá).
• Assim que faleceu, os egípcios impuseram impostos sobre os judeus.
• Após a morte de Levi, a última das tribos, os egípcios escravizaram os judeus, forçando-os a trabalhar na construção.
• Quando Miriam, irmã de Moshê, nasceu, os egípcios amarguraram as vidas de Benê Yisrael, intensificando a escravidão.

Artigos
Artigos Sobre a Parashat Vayechi

Vayechi
Nomes e seus Significados
Por Malka Touger
Você tem algo que é muito especial. É seu para toda a vida. Irá consigo aonde quer que você vá. Não precisa pagar por ele, guardá-lo, ou arrumar espaço para ele. Nem sequer precisa trabalhar para consegui-lo. Sabe o que é?
O seu nome!
Algumas pessoas recebem o nome de homens ou mulheres notáveis. Outros recebem o nome de parentes que faleceram.
Às vezes as pessoas recebem nomes que nos falam sobre eventos na vida delas. O nome de Adam vem da palavra adamah, terra, porque D’us criou Adam a partir da terra. O nome de Moshê vem da palavra moshui, “puxado”, porque o cesto em que Moshê estava foi puxado do Rio Nilo.
Alguns nomes nos falam sobre desejos, pensamentos ou ideias conectadas com a pessoa. O primeiro filho de Rachel nasceu após muitos anos de espera, portanto foi chamado Yossef, que significa “acrescentar”. Enquanto estava esperando, Rachel desejou e rezou para que D’us a abençoasse com mais um filho.
Mais tarde, Yossef chamou os próprios filhos por nomes que nos dizem o que ele desejava e esperava.
Yossef deu ao seu primeiro filho o nome de Menashe, da palavra nasho, “esqueça”. Yossef não queria que sua família esquecesse de onde veio ou quem eram eles. O nome Menashe era um lembrete, como se alguém estivesse sempre dizendo: não vamos esquecer que somos os descendentes de Avraham Sarah, Yitschac, Rivca, Yaacov, Rachel e Leah, embora estejamos agora vivendo no Egito. Onde quer que os judeus estejam, eles devem sempre lembrar-se de quem são.
Yossef sabia que D’us enviara os judeus ao Egito com um propósito. Eles não deveriam passar pelo exílio no Egito meramente se lembrando que eram judeus. Deveriam tornar o exílio frutífero, como um jardim com flores e botões. Usando tudo para realizar boas ações, podemos fazer do mundo uma morada para D’us. Desejando fazer isto, Yossef deu ao segundo filho o nome de Efraim, que vem da palavra hebraica para frutífero.
A porção desta semana da Torá nos conta como Yaacov abençoou Menashe e Efraim. Embora Menashe fosse mais velho, Efraim recebeu a maior bênção. Efraim representa o verdadeiro objetivo do exílio. Que um judeu deve prosperar e ser frutífero no caminho da Torá. Foi por isso que Yaacov lhe deu a bênção maior.
Apesar disso, Menashe é o irmão mais velho e vem primeiro. Isso também nos ensina uma importante lição. Efraim somente pode ter sucesso e tornar-se frutífero porque Menashe o lembra constantemente de quem ele é e de onde ele vem.

Vivendo com o Rebe
Comentários da Parashá Vayechi
semana da Torá, Vayechi, concluímos o Livro de Bereshit. "Então Yossef faleceu, aos cento e dez anos… e ele foi colocado num caixão no Egito" é seu versículo final.
Esta conclusão do livro inteiro é um tanto surpreendente, tendo em vista o princípio de que "deve-se sempre terminar com uma nota positiva". Por que Bereshit não poderia ter concluído alguns versículos antes, quando vimos que Yossef teve uma longa vida e mereceu ver seus netos e bisnetos?

Por que a descrição da morte de Yossef não poderia ter esperado até o Livro de Shemot?
Devemos portanto concluir que o falecimento de Yossef está de certa forma relacionado com o tema do próprio Bereshit.

A diferença básica entre Bereshit e os outros quatro Livros de Moshê é que Bereshit relata a história inicial de nossos antepassados e das doze tribos – a preparação para nossa existência como uma nação distinta – ao passo que os outros quatro livros contêm uma narrativa de nossa história como um povo.

O Livro de Bereshit começa com uma narrativa da criação do mundo. O Sábio, Rabi Yitschac, explicou que embora a Torá devesse ter começado com um mandamento prático, D’us escolheu começá-la com a Criação para refutar os argumentos dos gentios, que um dia alegariam que os judeus tinham roubado a Terra de Israel das nações que ali viveram antes de sua conquista.

Para registrar sua afirmativa, os judeus dirão: "O mundo todo pertence a D’us; Ele o criou e dividiu como julgou apropriado. Foi Sua vontade dá-la a eles, e foi Sua vontade tirá-la deles e dá-la a nós."
Certamente D’us não mudou toda a ordem de Sua Torá apenas para dar uma resposta aos argumentos dos gentios. Os comentários de Rabi Yitschac devem portanto conter um ensinamento mais fundamental para o povo judeu como um todo.

Os países do mundo são conhecedores da missão especial dos judeus. Sua alegação, no entanto, é que exatamente porque os judeus são diferentes, eles deveriam limitar-se ao serviço espiritual de D’us e não se aterem a uma terra física.

Como os judeus são um povo como nenhum outro, não devem ter o direito de alegar a propriedade de um país. Para o não-judeu, os reinos espiritual e físico são incongruentes e incompatíveis.
"O mundo inteiro pertence a D’us" – explica o judeu – o mundano e o espiritual. Ambos requerem santificação por meio da luz da santidade – a missão sagrada do judeu.

Com este conceito tem início o Livro de Bereshit, e com esta nota ele termina. O caixão de Yossef permaneceu no Egito para fortalecer e inspirar os Filhos de Israel durante seu exílio ali. Yossef é um símbolo da capacidade do povo judeu de superar até o mais difícil dos obstáculos, imbuindo até a matéria física mais comum com santidade e trazendo a longamente esperada Redenção.

Adaptado de Likutê Sichot do Rebe, vol. 30

A Batalha Silenciosa

Por Yanki Tauber
Uma fria manhã de inverno, quando a escuridão esconde as horas e a noite parece ainda começar. A neve no solo, o vento assobiando aqui e ali, galhos delineados na sombra, às vezes batendo no telhado.

Você está na cama, seu sentido de alarme em ponto morto: ele não mais ataca sua consciência, mas sua mente permanece alerta. E assim começa o debate para levantar. É uma batalha silenciosa, realmente, uma miscelânea – quase uma luta para coordenar as palavras na cabeça. De repente, sem aviso, seus pés tocam o chão – quanto mais frio, mais depressa você sente que se moveu.

Modê Ani L'fanecha
(Eu Te agradeço)


Você se senta à sua mesa; todos os utensílios estão ali, como os instrumentos do médico antes da cirurgia. O livro está aberto, os cartões de anotações arrumados, o marca texto ao alcance, a caneta aberta em cima das anotações. O computador está ligado, o programa aberto e você até já escreveu o título. O browser já encontrou uma dezena de páginas da rede a serem navegadas para apoio, informação e pesquisa.
Mas o comentarista no rádio tem algo interessante. E o ícone "você tem e-mail" está piscando.
Talvez seja importante, portanto logo você está lendo – até relendo – e-mails, piadas, trivialidades, pedidos, etc. Só para entrar no espírito da coisa, para clarear a mente. Um novo e-mail está vindo – um "spam". Surpreendentemente, você o deleta sem sequer olhar, fecha o programa e começa a digitar. A reportagem flui. Com certeza precisará de revisão, mas você espera ansiosamente até por isso – o trabalho o rejuvenesceu.

Melech Chai V'Kayam
(Rei Vivo e Eterno)


As roupas de uma semana esperam para ser lavadas. os pratos da última reunião noturna – e alguns que sobraram do Shabat – precisam ser lavados. O chão precisa de uma esfregada. Os livros têm de ser espanados. Há um cheiro de mofo no banheiro – está na hora do desinfetante – para não mencionar os pedacinhos de pasta de dente em volta da pia.

Mas manhã de domingo, o café está pronto, e o jornal está à sua frente – as revistas em quadrinhos e as palavras cruzadas. Você se senta com o café, um pedaço de bolo e um lápis. Só quinze minutos até começar o dia.

Uma hora e meia depois, você ainda está empacado no 15 Vertical. A quarta xícara de café está quase fria e aquele segundo pedaço de bolo é uma tentação. Você sentado ali, a mente passeando do 15 Vertical até a pia e dali para o telefone.

E então você está na lava-louças, arrumando as vasilhas na bandeja.

Sh'he'chezarta Bi Nishmasi B'chemla
(Por teres restaurado minha alma dentro de mim)


Você precisa marcar aquele compromisso. Precisa telefonar à sua tia. Precisa fazer a ligação. Precisa comprar os mantimentos, comparecer à reunião, fazer uma revisão no carro, chamar o pintor. Tantas pequenas coisas, tantas obrigações que, ignoradas, adiam os minutos da vida.

Raba Emunasecha
(Tua lealdade é grande)


Caridade, tefilin, velas de Shabat, comida casher, mezuzá, micvê, livros judaicos, estudo de Torá, visita aos doentes, receber convidados, honrar os pais.
A preguiça é um insulto à alma.

Yehuda ben Tema disse: "Todos devem, pela manhã, dominar sua inclinação, como um leão, despertar de seu sono perante a luz da manhã para servir a seu Criador." E isto não leva mais do que alguns minutos…


Seis Tipos de Perfeição
Por Yanki Tauber
"Tenho o cara perfeito para você!" É atrás da perfeição que estamos, ao procurar um parceiro para o casamento, um médico ou uma babá. Aqueles que já viveram tempo suficiente poderão dizer que o único lugar para se procurar a perfeição é na busca para aperfeiçoar a si mesmo. Mas o que é "perfeição"? Possui algum objetivo além de "aquilo que eu quero" (ou penso que quero)?
Nesta semana concluímos – no ciclo anual de leitura da Torá – o Livro de Bereshit, também chamado por Nossos Sábios de "o livro dos justos".

Bereshit é a história de uma série de indivíduos perfeitos: Adam (feito à imagem de D’us"); Nôach (a quem a Torá chama de "um homem justo"), Avraham (descrito como "o amado de D’us").
Yitschac ("a perfeita oferenda"), Yaacov (o supremo "indivíduo íntegro") e Yossef ("o justo").

Que tipo de perfeição estas personalidades exemplificam?

Adam foi o modelo original, a "obra de D’us" Você não pode conseguir nada mais perfeito que isso. Tão perfeito era ele, que não pôde suportar, e saiu procurando pela imperfeição – algo a consertar, algo a atingir, algo por fazer. Mesmo assim, é bom que nós, como raça, tenhamos começado perfeitos, pois somente assim podemos entender de onde vem nossa ânsia pela perfeição, e que podemos, de fato, atingi-la.

Nôach era a própria perfeição. Toda sua geração era corrupta, mas ele "caminhava com D’us". Ele chegou a tentar melhorar a maneira de agir das pessoas – não porque se importava com o que lhes aconteceria, mas porque D’us tinha dito que era a coisa certa a fazer. Ele recebeu instruções exatas para a construção da arca, o que colocar dentro dela, quando partir, e quando abandoná-la.
O que ele obedeceu. Sua perfeição era do tipo egoísta, cujo único objetivo era ser perfeito.

A perfeição de Avraham era a perfeição do amor. Para Avraham, fazer uma refeição significava partilhá-la com todo viajante faminto; descobrir uma verdade era ensiná-la ao mundo. Embora externamente fosse comunicativa e abrangente, a perfeição de Avraham tinha o "eu" como centro, o mundo todo como sua esfera.

Yitschac encontrou a perfeição no altruísmo. Como toda atividade humana ou experiência é imperfeita, a perfeição está no esforço para se reunir com o Divino que é a fonte do ser. Quando alguém é nada, é um com o supremo Tudo.

Yaacov chegou à perfeição por intermédio da harmonia. Através do equilíbrio do amor e da reverência, pela fusão da auto-confiança e da discrição. Ele conhecia o segredo da síntese; que amar indiscriminadamente é adotar também o mal, mas recuar do compromisso é abandonar muito daquilo que é bom; que fazer valer seus direitos é dar as costas a D’us, mas que erradicar o ser é contrariar o Divino propósito. A vida de Yaacov foi uma corda bamba esticada de Hebron e Charan até o Egito, pertencendo a nada porém sem ser estranho a nada, integrando o melhor de cada um à integridade de sua vida.

A perfeição de Yossef foi a perfeição do desafio de fato; pode algo ser perfeito a menos que tenha sido testado, esticado até seu limite e além dele? A integridade de Yossef não era a integridade de um pastor meditativo num prado tranqüilo, ou um erudito recluso nas "tendas de estudo". Foi uma integridade extraída das prisões e palácios do Egito, para colidir com comércio e política, de ver-se às voltas com riqueza e depravação – e perseverar sair vencedor.

Seis pessoas, seis protótipos. Seis maneiras de ser perfeito.

Vayechi: As Doze Tribos

12 Caminhos na Vida

Na porção dessa semana da Torá – que se encerra com o Livro de Bereshit – lemos como Yaacov, em seus últimos dias, abençoa seus filhos, as doze tribos. Nessas bênçãos estão muitos segredos prevendo os eventos futuros. Como nos diz o versículo: E Yaacov chamou seus filhos, e disse: “Reúnam-se, para que eu possa dizer a vocês o que acontecerá com vocês ao final dos dias.”
Como um projeto para a vida essas bênçãos têm muito a nos ensinar. Cada uma das doze tribos reflete um caminho singular na vida. Como nos diz o versículo na conclusão das bênçãos: Todas essas são as doze tribos de Israel… cada qual segundo sua bênçãos ele as abençoou (Vayechi 49:28). Qual é o significado das palavras “cada qual segundo sua bênção?” “Bênção” em hebraico também significa “atrair” (hamshocho), do radical “mavrich”. Cada uma das tribos tem sua jornada particular, sua energia específica que deve se manifestar neste mundo.
Na verdade, nossos Sábios ensinam que o Mar Vermelho se abriu em doze trilhas, proporcionando um caminho separado para cada uma das doze tribos.
Para entender essas doze trilhas devemos estudar as diferentes maneiras que as tribos são descritas na Torá. Encontramos três descrições para as tribos. Primeiro, quando elas são nomeadas pelas suas mães (Vayetsê – Bereshit 29:30; 35:18), cada filho/tribo recebe um nome com um significado particular por uma razão específica. Em segundo, quando Yaacov as abençoa (na porção dessa semana). E finalmente, quando Moshê as abençoa ao final da Torá (Devarim 33:6-25).
Além disso, as tribos são nomeadas e especificadas muitas vezes na Torá – quando entram no Egito, quando deixam o Egito, durante sua jornada de 40 anos pelo Deserto do Sinai elas viajam e acampavam como tribos, suas oferendas de dedicação ao Templo são repetidas doze vezes (embora levassem as mesmas oferendas) para enfatizar os doze caminhos singulares.
Eis aqui uma das muitas aplicações desses doze caminhos, baseados fundamentalmente nas bênçãos dessa semana.
Reuven – O Primeiro
Shimeon – O Agressor
Levi – O Clérigo
Yehuda – O Líder
Dan – O Juiz
Naftali – O Espírito Livre
Gad – O Guerreiro
Asher – O Próspero
Issachar – O Erudito
Zevulun – O Homem de Negócios
Yossef – O Sofredor
Menashe – Reconexão
Efraim – Transformação

Benjamin – O Consumidor Voraz

Reuven – o primogênito (bechor) – representa a poderosa energia de tudo que vem primeiro. O primeiro fruto, os primeiros momentos do dia, o início de cada criação – têm enorme quantidade de energia. “Instável como a água”, este poder pode seguir dois caminhos: se domado corretamente, o “bechor/energia de Reuven pode mudar os mundos; se abusado pode destruir. Como a água, pode ser a fonte da vida, mas se deixada livre erode seu ambiente e pode inundar as cercanias.

Shimeon é guevura agresssiva – a antítese de chesed/água de Reuven.
A forte ira e a cruel fúria que podem resultar da guevura indomada devem ser eliminadas para que não se transformem em armas de violência que consomem a pessoa e aqueles com quem ela entra em contato. [A lição disso atualmente é auto-compreendida].

Levi a tribo escolhida para servir no Templo. “Levi” também significa “apegado” ou “juntado”. Levi é a personalidade de dedicar sua vida para atender a um chamado mais alto. De libertar-se de seus vínculos com a sobrevivência material e apegar-se ao serviço Divino (veja Rambam, final de Hilchot Shemitah v’Yovel).

Yehuda significa reconhecimento (hodaah, como em modê ani). O nome de Yehuda também inclui as quatro letras do nome Divino Havaya. Yehuda é o líder; seus descendentes serão reis de Israel, começando com o Rei David e concluindo com Mashiach. Yehuda é o caminho do alltruísmo (bitul) – o ingrediente mais vital na verdadeira liderança.

Dan é o caminho da lei e ordem (dan significa julgar). Justiça objetiva é o coração de qualquer civilização.

Naftali é a personalidade de espírito livre. Como um “cervo correndo em liberdade” – rompendo o status quo – a independência é um componente necessário ao crescimento. Porém, essa liberdade de espírito deve sempre preocupar-se em “pronunciar palavras de beleza”.

Gad é o protótipo do guerreiro. Expandindo a justiça de Dan, Gad está pronto a lutar pelas suas crenças. O guerreiro é necessário tanto para defender nossos valores mais prezados quanto para proteger nossas liberdades.

Asher é prosperidade e prazer. Asher é a dimensão de abençoar além da norma – de receber mais do que o necessário para a sobrevivência. Asher é a personalidade de não apenas conseguir o que precisa, mas também desfrutá-lo.

Issachar é o erudito. A erudição proporciona sabedoria, clareza e direção. É o alicerce de todo sistema. Issachar é a dedicação de imergir no estudo e educação.

Zevulun é o mercador, a personalidade do homem de negócios. Seu papel é entrar no mercado e redimir as Divinas centelhas dentro do mundo material (o “tesouro secreto oculto na areia” – Devarim 33:19). Zevulun complementa Issachar; eles forjam uma parceria”: Zevulun apoia o erudito, ele funda casas de estudo, o que lhe granjeia o direito de partilhar a recompensa pelos estudos de Issachar.

Yossef é o elemento do sofrimento na vida. Porém, ele não apenas sobrevive; ele prospera. Atinge a grandeza por meio de seus desafios. Supera todos os adversários e se torna um grande líder, salvando toda a sua geração. Apesar de seu ambiente corrupto, ele conserva a integridade espiritual. A luz poderosa que emerge da escuridão em Yossef se divide em duas dimensões – seus dois filhos: Menashe e Efraim:

Menashe representa a habilidade de não sucumbir às forças dos “mitzraim-restrições” que desejam fazê-lo esquecer suas raízes espirituais. Permanecer conectado apesar dos desafios.

Efraim vai ainda mais longe. Não basta apenas sobreviver num ambiente alienígena, mas prosperar – “ser frutífero na terra da minha aflição”. Efraim é o poder de transformar as dificuldades em força Divina.

Beniamin está faminto, faminto pelas centelhas Divinas em toda a existência. Assim, como um “lobo feroz”, Beniamin reconhece que sua missão é buscar apaixonadamente a energia Divina embebida na matéria, devorá-la, consumi-la e elevá-la.
Doze tribos. Doze caminhos. Todo o necessário para chegarmos ao nosso destino. Qual é a sua personalidade? Que parte você precisa desenvolver?

Que possamos descobrir nosso caminho e fazer jus a ele. E que isso nos ajude a chegar ao tempo – ao final dos dias – quando receberemos clareza sobre quem pertence a qual tribo (veja Rambam, Hilchot Melochim 12:3). Talvez o significado desta revelação seja a cristalização que virá quando “o mundo estiver repleto de Divino conhecimento como as águas que cobrem o oceano.”

VAYECHI
Gn 47:28 - 50:26
Gn 47
28 Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete.
29 Aproximando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou a José, seu filho, e lhe disse: Se agora achei mercê à tua presença, rogo-te que ponhas a mão debaixo da minha coxa e uses comigo de beneficência e de verdade; rogo-te que me não enterres no Egito,
30 porém que eu jaza com meus pais; por isso, me levarás do Egito e me enterrarás no lugar da sepultura deles. Respondeu José: Farei segundo a tua palavra.
31 Então, lhe disse Jacó: Jura-me. E ele jurou-lhe; e Israel se inclinou sobre a cabeceira da cama.
Gn 48
1 Passadas estas coisas, disseram a José: Teu pai está enfermo. Então, José tomou consigo a seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2 E avisaram a Jacó: Eis que José, teu filho, vem ter contigo. Esforçou-se Israel e se assentou no leito.
3 Disse Jacó a José: O D-us Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,
4 e me disse: Eis que te farei fecundo, e te multiplicarei, e te tornarei multidão de povos, e à tua descendência darei esta terra em possessão perpétua.
5 Agora, pois, os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti no Egito, são meus; Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão.
6 Mas a tua descendência, que gerarás depois deles, será tua; segundo o nome de um de seus irmãos serão chamados na sua herança.
7 Vindo, pois, eu de Padã, me morreu, com pesar meu, Raquel na terra de Canaã, no caminho, havendo ainda pequena distância para chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho de Efrata, que é Belém.
8 Tendo Israel visto os filhos de José, disse: Quem são estes?
9 Respondeu José a seu pai: São meus filhos, que D-us me deu aqui. Faze-os chegar a mim, disse ele, para que eu os abençoe.
10 Os olhos de Israel já se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver bem. José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou.
11 Então, disse Israel a José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que D-us me fez ver os teus filhos também.
12 E José, tirando-os dentre os joelhos de seu pai, inclinou-se à terra diante da sua face.
13 Depois, tomou José a ambos, a Efraim na sua mão direita, à esquerda de Israel, e a Manassés na sua esquerda, à direita de Israel, e fê-los chegar a ele.
14 Mas Israel estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, que era o mais novo, e a sua esquerda sobre a cabeça de Manassés, cruzando assim as mãos, não obstante ser Manassés o primogênito.
15 E abençoou a José, dizendo: O D-us em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o D-us que me sustentou durante a minha vida até este dia,
16 o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes rapazes; seja neles chamado o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e cresçam em multidão no meio da terra.
17 Vendo José que seu pai pusera a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isto desagradável, e tomou a mão de seu pai para mudar da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés.
18 E disse José a seu pai: Não assim, meu pai, pois o primogênito é este; põe a mão direita sobre a cabeça dele.
19 Mas seu pai o recusou e disse: Eu sei, meu filho, eu o sei; ele também será um povo, também ele será grande; contudo, o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações.
20 Assim, os abençoou naquele dia, declarando: Por vós Israel abençoará, dizendo: D-us te faça como a Efraim e como a Manassés. E pôs o nome de Efraim adiante do de Manassés.
21 Depois, disse Israel a José: Eis que eu morro, mas D-us será convosco e vos fará voltar à terra de vossos pais.
22 Dou-te, de mais que a teus irmãos, um declive montanhoso, o qual tomei da mão dos amorreus com a minha espada e com o meu arco.
Gn 49
1 Depois, chamou Jacó a seus filhos e disse: Ajuntai-vos, e eu vos farei saber o que vos há de acontecer nos dias vindouros:
2 Ajuntai-vos e ouvi, filhos de Jacó; ouvi a Israel, vosso pai.
3 Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder.
4 Impetuoso como a água, não serás o mais excelente, porque subiste ao leito de teu pai e o profanaste; subiste à minha cama.
5 Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.
6 No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros.
7 Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei em Jacó e os espalharei em Israel.
8 Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti.
9 Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará?
10 O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos.
11 Ele amarrará o seu jumentinho à vide e o filho da sua jumenta, à videira mais excelente; lavará as suas vestes no vinho e a sua capa, em sangue de uvas.
12 Os seus olhos serão cintilantes de vinho, e os dentes, brancos de leite.
13 Zebulom habitará na praia dos mares e servirá de porto de navios, e o seu limite se estenderá até Sidom.
14 Issacar é jumento de fortes ossos, de repouso entre os rebanhos de ovelhas.
15 Viu que o repouso era bom e que a terra era deliciosa; baixou os ombros à carga e sujeitou-se ao trabalho servil.
16 Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.
17 Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os talões do cavalo e faz cair o seu cavaleiro por detrás.
18 A tua salvação espero, ó ETERNO!
19 Gade, uma guerrilha o acometerá; mas ele a acometerá por sua retaguarda.
20 Aser, o seu pão será abundante e ele motivará delícias reais.
21 Naftali é uma gazela solta; ele profere palavras formosas.
22 José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem sobre o muro.
23 Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem.
24 O seu arco, porém, permanece firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel,
25 pelo D-us de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos das profundezas, com bênçãos dos seios e da madre.
26 As bênçãos de teu pai excederão as bênçãos de meus pais até ao cimo dos montes eternos; estejam elas sobre a cabeça de José e sobre o alto da cabeça do que foi distinguido entre seus irmãos.
27 Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã devora a presa e à tarde reparte o despojo.
28 São estas as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a bênção que lhe cabia.
29 Depois, lhes ordenou, dizendo: Eu me reúno ao meu povo; sepultai-me, com meus pais, na caverna que está no campo de Efrom, o heteu,
30 na caverna que está no campo de Macpela, fronteiro a Manre, na terra de Canaã, a qual Abraão comprou de Efrom com aquele campo, em posse de sepultura.
31 Ali sepultaram Abraão e Sara, sua mulher; ali sepultaram Isaque e Rebeca, sua mulher; e ali sepultei Lia;
32 o campo e a caverna que nele está, comprados aos filhos de Hete.
33 Tendo Jacó acabado de dar determinações a seus filhos, recolheu os pés na cama, e expirou, e foi reunido ao seu povo.
Gn 50
1 Então, José se lançou sobre o rosto de seu pai, e chorou sobre ele, e o beijou.
2 Ordenou José a seus servos, aos que eram médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel,
3 gastando nisso quarenta dias, pois assim se cumprem os dias do embalsamamento; e os egípcios o choraram setenta dias.
4 Passados os dias de o chorarem, falou José à casa de Faraó: Se agora achei mercê perante vós, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:
5 Meu pai me fez jurar, declarando: Eis que eu morro; no meu sepulcro que abri para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, desejo subir e sepultar meu pai, depois voltarei.
6 Respondeu Faraó: Sobe e sepulta o teu pai como ele te fez jurar.
7 José subiu para sepultar o seu pai; e subiram com ele todos os oficiais de Faraó, os principais da sua casa e todos os principais da terra do Egito,
8 como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen as crianças, e os rebanhos, e o gado.
9 E subiram também com ele tanto carros como cavaleiros; e o cortejo foi grandíssimo.
10 Chegando eles, pois, à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali grande e intensa lamentação; e José pranteou seu pai durante sete dias.
11 Tendo visto os moradores da terra, os cananeus, o luto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios. E por isso se chamou aquele lugar de Abel-Mizraim, que está além do Jordão.
12 Fizeram-lhe seus filhos como lhes havia ordenado:
13 levaram-no para a terra de Canaã e o sepultaram na caverna do campo de Macpela, que Abraão comprara com o campo, por posse de sepultura, a Efrom, o heteu, fronteiro a Manre.
14 Depois disso, voltou José para o Egito, ele, seus irmãos e todos os que com ele subiram a sepultar o seu pai.
15 Vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: É o caso de José nos perseguir e nos retribuir certamente o mal todo que lhe fizemos.
16 Portanto, mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo:
17 Assim direis a José: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do D-us de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam.
18 Depois, vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos.
19 Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de D-us?
20 Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém D-us o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida.
21 Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coração.
22 José habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.
23 Viu José os filhos de Efraim até à terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, os quais José tomou sobre seus joelhos.
24 Disse José a seus irmãos: Eu morro; porém D-us certamente vos visitará e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó.
25 José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente D-us vos visitará, e fareis transportar os meus ossos daqui.
26 Morreu José da idade de cento e dez anos; embalsamaram-no e o puseram num caixão no Egito.

HAFTARAH DE VAYECHI
1Rs 2:1-12


1 Aproximando-se os dias da morte de Davi, deu ele ordens a Salomão, seu filho, dizendo:
2 Eu vou pelo caminho de todos os mortais. Coragem, pois, e sê homem!
3 Guarda os preceitos do ETERNO, teu D-us, para andares nos seus caminhos, para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores;
4 para que o ETERNO confirme a palavra que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, de todo o seu coração e de toda a sua alma, nunca te faltará sucessor ao trono de Israel.
5 Também tu sabes o que me fez Joabe, filho de Zeruia, e o que fez aos dois comandantes do exército de Israel, a Abner, filho de Ner, e a Amasa, filho de Jéter, os quais matou, e, em tempo de paz, vingou o sangue derramado em guerra, manchando com ele o cinto que trazia nos lombos e as sandálias nos pés.
6 Faze, pois, segundo a tua sabedoria e não permitas que suas cãs desçam à sepultura em paz.
7 Porém, com os filhos de Barzilai, o gileadita, usarás de benevolência, e estarão entre os que comem à tua mesa, porque assim se houveram comigo, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.
8 Eis que também contigo está Simei, filho de Gera, filho de Benjamim, de Baurim, que me maldisse com dura maldição, no dia em que ia a Maanaim; porém ele saiu a encontrar-se comigo junto ao Jordão, e eu, pelo ETERNO, lhe jurei, dizendo que o não mataria à espada.
9 Mas, agora, não o tenhas por inculpável, pois és homem prudente e bem saberás o que lhe hás de fazer para que as suas cãs desçam à sepultura com sangue.
10 Davi descansou com seus pais e foi sepultado na Cidade de Davi.
11 Foi o tempo que Davi reinou sobre Israel quarenta anos: sete anos em Hebrom e em Jerusalém trinta e três.
12 Salomão assentou-se no trono de Davi, seu pai, e o seu reino se fortificou sobremaneira.

VAYECHI
Sl 41


1 Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o ETERNO o livra no dia do mal.
2 O ETERNO o protege, preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus inimigos.
3 O ETERNO o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas a cama.
4 Disse eu: compadece-te de mim, ETERNO; sara a minha alma, porque pequei contra ti.
5 Os meus inimigos falam mal de mim: Quando morrerá e lhe perecerá o nome?
6 Se algum deles me vem visitar, diz coisas vãs, amontoando no coração malícias; em saindo, é disso que fala.
7 De mim rosnam à uma todos os que me odeiam; engendram males contra mim, dizendo:
8 Peste maligna deu nele, e: Caiu de cama, já não há de levantar-se.
9 Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.
10 Tu, porém, ETERNO, compadece-te de mim e levanta-me, para que eu lhes pague segundo merecem.
11 Com isto conheço que tu te agradas de mim: em não triunfar contra mim o meu inimigo.
12 Quanto a mim, tu me susténs na minha integridade e me pões à tua presença para sempre.
13 Bendito seja o ETERNO, D-us de Israel, da eternidade para a eternidade! Amém e amém!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

150 SALMOS Português e Hebraico - Transliterados

150 SALMOS         O Livro dos Salmos começa apresentando uma orientação para a vida: evitar a influência dos malévolos e dos que ridicularizam o bem, e adotar o estudo e o conhecimento das Escrituras como meta principal. Deus  recompensará nossa vida com alegria e significado.                               Salmo 1  Bem-aventurado o homem que não segue os conselhos dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores e nem participa da reunião dos insolentes; mas, ao contrário, se volta para a Lei do Eterno e, dia e noite, a estuda. Ele será como a árvore plantada junto ao ribeiro que produz seu fruto na estação apropriada e cujas folhagens nunca secam; assim também florescerá tudo que fizer. Quanto aos ímpios, são como o feno que o vento espalha. Nem eles prevalecerão em julgamentos, nem os pecadores na assembléia dos justos; pois o Eterno favorece o caminho dos justos, enquan...

Shema - Hebraico - Transliterado - Português

Shema - Hebraico - Transliterado - Português Devarim (Deuteronômio) 6:4-9; 11:13-21 שְׁמַע יִשְׂרָאֵל ; יְהוָה אֱלֹהֵינוּ יְהוָה אֶחָד׃ וְאָהַבְתָּ, אֵת יְהוָה אֱלֹהֶיךָ; בְּכָל־לְבָבְךָ וּבְכָל־נַפְשְׁךָ וּבְכָל־מְאֹדֶךָ׃ וְהָיוּ הַדְּבָרִים הָאֵלֶּה, אֲשֶׁר אָנֹכִי מְצַוְּךָ הַיּוֹם עַל־לְבָבֶךָ׃ וְשִׁנַּנְתָּם לְבָנֶיךָ, וְדִבַּרְתָּ בָּם; בְּשִׁבְתְּךָ בְּבֵיתֶךָ וּבְלֶכְתְּךָ בַדֶּרֶךְ, וּבְשָׁכְבְּךָ וּבְקוּמֶךָ׃ וּקְשַׁרְתָּם לְאוֹת עַל־יָדֶךָ; וְהָיוּ לְטֹטָפֹת בֵּין עֵי נֶיךָ׃ וּכְתַבְתָּם עַל־מְזוּזֹת בֵּיתֶךָ וּבִשְׁעָרֶיךָ׃ וְהָיָה, אִם־שָׁמֹעַ תִּשְׁמְעוּ אֶל־מִצְוֹתַי, אֲשֶׁר אָנֹכִי מְצַוֶּה אֶתְכֶם הַיּוֹם; לְאַהֲבָה אֶת־יְהוָה אֱלֹהֵיכֶם וּלְעָבְדוֹ, ְּכָל־לְבַבְכֶם וּבְכָל־נַפְשְׁכֶם׃ וְנָתַתִּי מְטַר־אַרְצְכֶם בְּעִתּוֹ יוֹרֶה וּמַלְקוֹשׁ; וְאָסַפְתָּ דְגָנֶךָ, וְתִירֹשְׁךָ וְיִצְהָרֶךָ׃ וְנָתַתִּי עֵשֶׂב בְּשָׂדְךָ לִבְהֶמְתֶּךָ; וְאָכַלְתָּ וְשָׂבָעְתָּ׃ הִשָּׁמְרוּ לָכֶם, פֶּן יִפְתֶּה לְבַבְכֶם; וְסַרְתֶּם, וַעֲבַדְתֶּם אֱלֹהִים אֲחֵרִים, וְהִשְׁתַּחֲוִיתֶם ...

A Tanach fala de anjos caídos? Diabo é conceito judaico?

A Tanach fala de anjos caídos? Diabo é conceito judaico? Por que coloco esta página aos meus amigos e interessados? Eu sempre digo aos meus ouvintes, que antes de querer seguir qualquer coisa que dizem estar na ‘Bíblia’, devem notar na História, se o fato é real. Tudo que aconteceu com o povo de Israel, foi anotado nos livros de História, se não na Mundial, pelo menos em livros de História de Israel. Quanto tempo dura um mito? O tempo em que você acredita nele, até descobrir a realidade.   Pelo fato de que muitos acreditam que a ‘doutrina ‘ de demônios e seu grande chefe Lúcifer é um conceito judaico. Isso é o que veremos a seguir, não só pela história pagã deste ser mitológico, mas como pelas próprias ESCRITURAS Hebraicas, o TANAKH.   Bem, antes de qualquer coisa, confesso que eu mesmo já acreditei neste mito, crendo da mesma forma que muitos de vocês crêem, ou criam: Ele era um anjo de D”s, que um dia se rebelou, e foi destituído de seu poder, vindo a ser...